"Será que não estão vendo que meu caso é grave? Vão esperar meu rim parar para abrir essa vaga? Também sou um ser humano!". É assim que a técnica de enfermagem Juliana Amaral de Almeida, de 31 anos, relata a luta que enfrenta há uma semana. Internada desde terça-feira (2) na UPA Vila Almeida, em Campo Grande, com insuficiência renal grave, ela aguardava a liberação de uma vaga em hospital para tratamento urgente. Cansada de esperar, ela resolveu "fugir" para procurar socorro direto no hospital.
O quadro de saúde é grave, com risco de morte, segundo boletim médico emitido para solicitação de internação. Classificada como prioridade 1, a paciente corre risco de agravamento e até necessidade de iniciar hemodiálise caso não haja melhora após investigação.
Juliana relatou que deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no dia 20 de agosto, inicialmente com suspeita de pneumonia. Após tratamento com antibióticos, apresentou melhora temporária, mas voltou a procurar atendimento no dia 2 de setembro com piora do estado de saúde.
Exames laboratoriais indicaram insuficiência renal aguda, o que levou à internação imediata e ao pedido de transferência para hospital. "Estou desde terça-feira (2) batalhando por uma vaga de hospital. Cada dia que passa pode piorar mais o quadro", relata.
Com o passar dos dias sem solução, Juliana conta que resolveu buscar o Ministério Público. "Já entrei com liminar no Ministério Público e não adiantou. Hoje faz seis dias que estou esperando essa vaga. Vão esperar eu morrer para abrir uma vaga?", questionou.
Na madrugada desta terça-feira (9), após uma semana sem resposta, Juliana decidiu deixar a UPA e tentar, por conta própria, buscar atendimento hospitalar. "Eu evadi hoje de madrugada. Estou ruim e estou indo direto para o hospital recorrer à minha vaga, porque tive uma piora do quadro e não houve nenhuma vaga e ninguém naquele posto faz nada", afirmou.
Até a manhã desta terça-feira, Juliana seguia em busca de internação hospitalar.
Sesau se recusa a passar informações
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) negou detalhes do caso com base na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), apesar de a legislação não prever restrição quando há consentimento expresso do paciente. Veja:
A Prefeitura de Campo Grande informa que todos os serviços de consultas, exames e atendimentos prestados à população seguem os protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS), que estabelecem critérios de priorização com base em urgência, gravidade e disponibilidade de recursos.
Em cumprimento à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), bem como ao princípio constitucional da inviolabilidade da intimidade e da vida privada, a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) não fornece informações individualizadas sobre pacientes à imprensa ou a terceiros, ainda que de forma indireta.
Qualquer informação sobre o estado de saúde, atendimento ou regulação será prestada exclusivamente ao próprio paciente ou à pessoa legalmente responsável, de forma segura e de acordo com os critérios legais vigentes.
A SESAU recomenda que os pacientes acompanhem o andamento de suas demandas por meio da unidade de referência ou pelos canais oficiais de relacionamento com o público:
Ouvidoria SUS: 0800 314 9955 / (67) 3314-9955
Portal da Ouvidoria: https://ouvidor.saude.gov.br/public/form-web/registrar
Central 156









