No mês dedicado à prevenção ao suicídios, o Setembro Amarelo, a imprensa de Mato Grosso do Sul foi elogiada por especialistas no assunto, pela sensibilidade no trato com a questão, tão delicada. À medida que os casos de suicídio crescem no Brasil, sobretudo entre jovens, aumenta a responsabilidade da cobertura jornalística sobre o tema.
(Capelão Reis elogia cobertura da imprensa sobre suicídio - Foto: Reprodução)
Edílson dos Reis é capelão e professor do curso de prevenção de suícídios. Há 27 anos cuidando do tema, ele diz que a imprensa do estado é uma das poucas no país que aborda o tema com 'lucidez e seriedade'.
Reis, enfatiza que falar sobre autoextermínio não é somente noticiar os casos que ocorrem, mas abrir espaço para reflexão e, principalmente prevenção.
''De cinco anos para cá posso afirmar que é uma das poucas [mídias] no Brasil que trata a prevenção e os métodos de manejo de prevenção como algo corriqueiro na pauta'', aponta o professor.
Com larga experiência no assunto, o professor conta que tem sido constantemente chamado para entrevistas, mesmo fora do Setembro Amarelo, para esclarecer questões e difundir seus trabalhos.
''Tanto é que é que em maio[ 2017] tivermos o primeiro workshop sobre midia e suicido na UFMS’’, comemora Reis.
Ele diz que o evento foi sucesso e se deu graças a parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul, do Hospital Universitário e da UFMS.
Alerta
Entre os vários pontos que o professor Edílson dos Reis explica aos jornalistas, existem duas questões principais que o repórter precisa ter cuidados: jamais citar que a vítima de suicídio teve ‘exito’ e que ele ‘conseguiu o que queria’. Isso, nas palavras do especialista pode soar como incentivo e glamourizar a prática.
(Kléber diz que atuação da mídia sobre o tema melhorou nos últimos anos - Foto: TopMidiaNews)
Mais elogios
O médico psiquiatra Kléber Meneghel Vargas, que atende nos principais hospitais da cidade, como o Nosso Lar e Hospital Universitário, concorda com o capelão Reis, no que se refere a evolução da cobertura da imprensa sobre o tema.
''Tem sido adequada na maioria das vezes'', destaca o médico. Ele sugere que é preciso ter cuidado com informações sem base científica e pondera que parte da mídia mais sensacionalista ajuda a piorar um quadro que já e grave. Diz também que a cobertura jornalística em relação ao suicídio de personalidades pode influenciar negativamente.
No entendimento de Kléber, o assunto, que hoje é considerado tabu precisa ser mais discutido sim, no entanto, é preciso cuidado na abordagem e não massificar o tema o tempo todo, pois isso pode despertar o desejo em pessoas pré-dispostas.
O OMS (Organização Mundial de Saúde) identificou a cobertura da mídia sobre o suicídio como área estratégica para ajudar na prevenção. Neste ano, a Organização Pan-Americana de Saúde promeveu seminário com a participação de 130 jornalistas, especialistas em comunicação e profissionais de saúde.
Capacitação
O professor Reis está programando outro workshop sobre mídia e suicídio para março de 2018. Ele destaca que o curso é totalmente gratuito.
Ainda sobre o tema, Edílson faz questão de enfatizar que as unidades públicas de saúde têm pessoal capacitado para acolher pessoas que passam por profundo sofrimento e fazer uma primeira intervenção. Há ainda, segundo Reis, as clínicas de psicologia das universidade que ofertam tratamento gratuito.
O Capelão Reis pode ser acionado pelo whatsapp: 67 9 9982-6179.