Sem remédios básicos como dipirona, ibuprofeno e AAS, nas unidades básicas de saúde de Campo Grande, pacientes acumulam também exames que não conseguem ser feitos pela rede pública devido o caos na saúde. Hipertensa e em acompanhamento médico pelo SUS, paciente de 39 anos, há meses tenta realizar exames simples e não consegue agendar nenhum deles, na USF (Unidade de Saúde da Família) no Jockey Club.

Entre os exames solicitados e ainda não realizados estão dosagens de colesterol total, LDL e HDL, creatinina, potássio, glicose, triglicerídeos, vitamina B12, vitamina D e hormônio TSH, além de hemoglobina glicada e análise de urina — todos pedidos pela unidade de saúde do bairro Jockey Club, onde é atendida.

“Esses exames são fundamentais para o controle da minha saúde, mas nunca consigo o que preciso e nem é má vontade dos funcionários, que sempre atendem com amor e dedicação, é pelo estado que está as nossas unidades de saúde no modo geral”, cita.

A situação se repete com os medicamentos de uso contínuo. “Não tem o básico. Falta dipirona, falta remédio para pressão, falta tudo. A gente vai ao posto e o servidor só consegue dizer que o estoque está zerado. Eles não têm culpa, mas nós, pacientes, ficamos sem tratamento”, desabafa.

A trabalhadora, que não quis se identificar por receio de represálias, também denuncia a demora para exames mais complexos. O pedido de uma ressonância magnética de urgência, feito há 3 anos, nunca foi atendido. O marido dela aguarda há 1 ano por um raio-x da coluna e também não conseguiu realizar o exame e segue na fila.

“Parece que a saúde pública foi esquecida. Quem depende do SUS está desamparado, essa prefeita não faz o básico da gestão dela que é manter em dia a saúde da população”, lamenta.

A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para questionar as faltas de medicamentos e a demora na realização dos exames na unidade de saúde mencionada acima e aguarda retorno.