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25/08/2018 13:10

Guerrero alinha estratégia, e Inter terá representante na Suíça para 'cartada final'

Clube e jogador ainda nutrem esperanças de reverter suspensão na Justiça Comum da Suíça para conseguir liberação ainda em 2018

De moletom com capuz, Paolo Guerrero adota perfil discreto para desembarcar em Lima, 24 horas após ter visto a Justiça Comum da Suíça revogar o efeito suspensivo que lhe permitia atuar pelo Inter. Mesmo recatado, o ídolo logo recebe carinho dos conterrâneos, ainda no aeroporto. Mas o retorno ao país natal não tem a ver apenas com um ambiente familiar para servir de abrigo. No Peru, o centroavante alinhará com seus advogados os detalhes finais da defesa para a cartada final nos tribunais suíços para tentar reverter a suspensão por doping.

O peruano tem ao seu lado uma equipe de advogados para tentar liberá-lo para atuar ainda em 2018 – algo bastante remoto dado o cenário atual, com mais oito meses de suspensão pela frente. O jogador é representado pelo suíço Alex Zen-Ruffinen e pelo espanhol Juan de Dios Crespo Pérez. O escritório de Bichara Abidão Neto e Marcos Motta também atua no caso, assim como Pedro Fida. O Inter também dispôs seu corpo jurídico ao para dar suporte ao atleta e terá um representante para acompanhar e auxiliar no processo na Suíça e no Peru.

A linha de defesa é mantida sob sigilo, mas o time jurídico conduz esforços para tentar desqualificar a prova colhida no processo. A sustentação é de que Guerrero ingeriu o metabólito da cocaína por contaminação a um chá servido pelo hotel que abrigava a seleção peruana antes de uma partida contra a Argentina, em outubro passado, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Há uma busca "incessante" para que o hotel se responsabilize pela contaminação, para, assim, evitar qualquer resquício da "negligência" do atleta na ingestão da substância ilegal.

– O clube não adiantará as estratégias jurídicas que adotará. Até pouco tempo atrás, o Guerrero era atleta de outro clube. Daremos o suporte. Ele discute sobre a legitimidade da prova que foi colhida no processo. Busca elementos para dar força à defesa. Mas as estratégias, trataremos de forma reservada para não adiantar o que faremos. Acompanharemos o processo com profissionais na Suíça para o desfecho ocorrer o quanto antes. Temos total confiança na inocência. Ele busca de forma incessante que o hotel se responsabilize pela questão da contaminação para agregar no processo – afirma o presidente Marcelo Medeiros.

De acordo com o que o GloboEsporte.com apurou com especialistas em direito esportivo e em casos de doping, as chances de uma reversão são remotas. A defesa do peruano esgotou as possibilidades ao entrar com recurso na Justiça Comum da Suíça, última instância cabível, já acima das esferas do direito desportivo, para tentar reverter a decisão do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) de suspendê-lo por um total de 14 meses.

Com a revogação do efeito suspensivo superprovisório concedido para que Guerrero pudesse disputar a Copa do Mundo, na última quinta-feira, resta apenas a decisão final do recurso já protocolado na Suíça. O julgamento está previsto apenas para dezembro.

Em sua decisão pela punição do atleta, o TAS alegou que a ingestão da substância através do chachá ocorreu por "negligência" do peruano. Em pareceres deste tipo com uso de estimulantes, os regulamentos da Agência Mundial Antidoping (WADA) são rígidos e preveem suspensão de até dois anos. Durante o processo, a própria defesa de Guerrero auxiliou a identificar a origem da contaminação do metabólito de cocaína, atrelado a um chá ingerido no hotel em que estava hospedado com a seleção peruana antes de uma partida contra a Argentina

Assim, o mérito do doping, em si, já foi vencido, ainda que a defesa de Guerrero ainda tente desqualificar a prova. A alternativa cabível é alegar "vícios formais" e possíveis erros processuais. Uma decisão deste caráter, porém, é considerada "excepcional" e vista como bastante improvável por especialistas na matéria.

– É muito difícil. Não tratei da defesa, mas tem que ter um caráter muito excepcional. Inédito não é. Mas tem que ter um caráter excepcional – diz o advogado Thomaz Mattos de Paiva, especialista em casos de doping, ressaltando que a decisão pode até inviabilizar esse recurso.

Clube irá monitorar o atleta periodicamente

Ao passo que aguarda todo o desenrolar jurídico com esperanças de ver a suspensão chegar ao fim o mais breve possível, Guerrero terá de reviver a rotina de treinamentos afastado do elenco de seu clube atual – como já fizera nos tempos de Flamengo, às vésperas da Copa do Mundo. Antes de defender o Peru no Mundial, o centroavante escolheu Buenos Aires como "lar". Na província de Canning, treinou com com o ex-jogador Mariano Pernía, a convite de Ricardo Gareca, argentino técnico da seleção peruana.

Até o momento, Guerrero não tem definido o local em que passará os próximos oito meses. O centroavante segue em Lima, com foco total em alinhar a defesa de seu caso. Mas caberá a ele próprio definir como será sua rotina de treinamentos e preparação física, devido ao regulamento da Fifa, que não permite vínculo algum com o clube. Resta ao Inter apenas monitorar os trabalhos, com relatórios periódicos.

– Ele terá um corpo técnico para manter sua forma, como foi na época antes da Copa. Ele tem os profissionais que já desempenhavam esse trabalho. Esperamos que seja por um prazo curto e que isso se reverta. É uma punição dupla ao atleta. Não pode jogar, nem treinar. Toda a relação com quem trabalhará é do próprio atleta. O clube segue informado através de relatórios sobre o que fará. Infelizmente é o que reza a questão jurídica. Seguiremos monitorando, mas sem nenhum funcionário do clube no dia a dia do atleta – afirma o executivo Rodrigo Caetano.

A punição a Guerrero

Paolo Guerrero foi condenado a cumprir um ano de suspensão por doping causado por um metabólito da cocaína, em outubro do ano passado, no jogo contra a Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Em dezembro, Guerrero conseguiu a redução da pena para seis meses – o que permitiu ao peruano voltar a vestir a camisa do Flamengo em maio deste ano e liberaria o jogador para disputar o Mundial da Rússia.

Guerrero voltou a jogar no dia 6 de maio, apenas três dias após ser julgado em última instância pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), em Lausanne, na Suíça. Ele participou de três jogos do Flamengo neste período, contra Inter, Ponte Preta e Chapecoense, marcando um gol contra a equipe catarinense. Ainda em maio, o TAS, na Suíça, ampliou a pena para 14 meses de suspensão. No entanto, o peruano conseguiu efeito suspensivo superprovisório na Justiça Comum da Suíça, possibilitando sua participação no Mundial de 2018.

O atacante disputou a Copa do Mundo da Rússia pela seleção peruana, mas caiu na fase de grupos. Deixou a sua marca na vitória por 2 a 0 sobre a Austrália. Em julho, voltou ao Flamengo para aparecer em mais quatro compromissos pelo Brasileirão. Sem acerto para permanecer na Gávea, assinou com o Inter por três temporadas, mas não chegou a estrear com a camisa colorada. A estreia, aliás, só está prevista para o final de abril de 2019, após a Justiça Comum da Suíça ter "derrubado" o efeito suspensivo nesta quinta-feira.

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