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Eles se pintam para alegrar, mas muita gente tem medo de palhaço

Fobia

05 janeiro 2014 - 06h00Por Renan Gonzaga

“Se eu estou na rua e vejo um palhaço, passo bem longe e mudo de lugar para não ficar perto”. Muitas pessoas vivem situações parecidas com esta que a jornalista Karolyne Peralta relatou. A coulrofobia é uma fobia especifica, que ocorre em situações onde o indivíduo entra em contato com um palhaço, personagem inofensivos para alguns, comuns em circos e festas infantis.

Para o psicólogo com especialização em Psicodrama, Rômulo Said, a causa mais provável para a fobia geralmente é uma experiência traumática com a figura do palhaço, reforçada pelo convívio com o meio. “As pessoas adquirem seus medos e seus pânicos sempre em relação com as outras pessoas, os afetos são construídos nas relações. Pode ser que após a experiência, o medo resultante foi reforçado pelos outros”, explica.

Ter medo quando criança é natural, e faz parte do desenvolvimento infantil. Os pequenos tem suas fantasias que, normalmente são transitórias, e com segurança e apoio de um adulto acabam desaparecendo com o tempo.

“Quando eu era pequena, assisti um filme de terror que tinha palhaço. Morri de medo. Me deu uma crise e fiquei dias sem dormir”, relata a jovem Jessica Scheridon, de 25 anos.

“Não existe um número específico para se medir se há maior incidência em crianças ou adultos, apesar de ser mais fácil encontrarmos esse tipo de fobia nos menores, pela exposição e contato com o estimulo provocador, o palhaço” explica a psicóloga Caroline Cruz.

Cena do filme 'It - Uma Obra Prima do Medo', de 1990. Foto: Reprodução

Já na fase adulta, a coulrofobia apresenta sintomas como medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, revelado pela presença de um palhaço. Nos casos mais graves, a situação interfere significativamente na rotina da pessoa, em suas atividades e relacionamentos sociais.

“Me da um desespero. Independente do lugar, me dá vontade de sair de perto. É uma sensação muito ruim, não gosto de ir ao circo por causa disso. Fiz teatro durante muito tempo e toda vez que tinha que fazer as oficinas de palhaço já me dava um mal estar”, admite Karolyne, de 28 anos.

A coulrofobia ocorre por exposição ao estímulo fóbico e provoca uma resposta imediata de ansiedade, que pode assumir a forma de um ataque de pânico. “O que eu posso explicar é que ele pode me pegar, sei lá, fazer algo que eu não gosto”, confessa a jornalista.

TRATAMENTO

“Quando minha mãe percebeu que não era frescura, me levou ao psicólogo. Tive que tomar Florais de Bach”, lembra Jessica.

O psicólogo Rômulo, assegura que o tratamento envolvendo o psicodrama, aliado à terapia comportamental cognitiva tem mostrado ótimos resultados. “As cenas do medo são reproduzidas à medida que a pessoa é capaz de avançar nos estágios de sua fobia”, aponta.

Segundo a psicóloga Caroline Cruz o tratamento vai depender da gravidade da situação, mas é aconselhável que pessoa procure um profissional da saúde mental. “Através da psicologia temos varias técnicas que podem ser utilizadas para tratamento de fobias no geral. Em casos mais graves junto com o tratamento do psicológico a pessoa deve procurar um psiquiatra que indicara ansiolíticos específicos para o caso”, finaliza.