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21/03/2017 13:20

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No dia de luta contra discriminação racial, cotas entram 'na mira' em MS

Você sabe o motivo da data? E os números da violência e da educação? Qual a sua opinião?

O ano era 1960, 21 de março, quando na África do Sul 20 mil pessoas faziam um protesto contra uma lei que obrigava os negros a carregarem um cartão que mostravam onde eles eram permitidos de circularem. E então, a polícia do regime de apartheid abriu fogo contra a multidão resultado em 69 mortos e 186 feridos. Com esse fato, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu a data como o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial. Ainda hoje, há uma crença no Brasil, que foi um país historicamente escravocrata, de que o racismo no Brasil às vezes é velado, às vezes não existe, ou por outras é uma “vitimização de negros”. 

E apesar, de muitos ainda não concordarem que há sim a prática de racismo, a legislação brasileira instituiu os primeiros conceitos de racismo em 1951 com a Lei Afonso Arinos (1.390/51) que classificava a prática como contravenção penal e foi com a Constituição Federal que a classificação de racismo como crime  inafiançável e imprescritível, sujeitando o o autor a pena de reclusão.

Para falar sobre o assunto, uma enquete perguntou se as pessoas no dia de hoje ainda acreditam que existe racismo e foi além, se seriam a favor das cotas. Entre os que responderam,  há quem realmente “ache” que o racismo e discriminação racial ainda existe, porém, o posicionamento contra políticas públicas compensatórias, como as cotas raciais em universidades, é geralmente contra. 

Esse é o caso de Simone Dias Pereira da Silva, que apesar de achar que existe, acredita que cotas são uma reafirmação do racismo. “Sinceramente acredito que existe o racismo sim e de forma gigantesca. Não concordo com cotas, pois é uma forma de provar que o país é racista”, opina. 

E até mesmo, a forma de se expressar, causa polêmica. “O racismo assim como o preconceito existem sim, precisamos mudar o modo da educação de nossa futura sociedade sobre este assunto tão discutido. Sobre as cotas raciais, acredito que é um modo de racismo, visto que ter outra cor de pele não significa ser menos inteligente. Acredito que se fosse sobre a renda familiar seria mais proveitosa e menos ofensiva aos nossos irmãos de cor”, explana Cristina Camargo. 

A expressão é refutada por Rose Souza Alves. “Me desculpe, porém quando se fala em pessoa de cor estamos trazendo estereótipos e utilizando de preconceito velado. Um exemplo, vou me referir à pessoa negra com a expressão, pessoa de cor, para disfarçar o tom racista. Sei que você está sendo sincera, porém a sociedade tem muito o que avançar para desconstruir tais pensamentos e atitudes”, defende. 

O tema é polêmico, mas tem opiniões que às vezes, trazem um “Ué” na cabeça da gente. “Daqui a pouco vamos ter que começar a ter cotas para brancos”, referenda Roberto Sinai, empresário, branco, sem dar mais explicações. 

Por outro lado, as cotas sociais são defendidas por muitos. Morador no Dom Antonio Barbosa, Celso por exemplo, acredita que a discriminação social é maior ainda. “Cota social sim, racial não, porque independentemente da cor da pele temos que combater a desigualdade social”, acredita. 

Mesma opinião do professor Arthur. “Sobre as cotas eu acredito muito na meritocracia. Em relação ao racismo, existe e muito no Brasil, principalmente no cenário rock underground, que está cheio de pessoas com pouca inteligência e pregam ideias e até atitudes nazistas e fascistas. Por isso no estilo que minha banda toca que é o Grindcore, somos totalmente contra esse tipo de atitude preconceituosa e passamos isso nas letras e nos festivais que participamos”. 

Muito além do negro

O racismo se fala em especial em relação aos negros, porém ainda há aqueles que lembram da discriminação racial como um todo, não especificamente a uma etnia. A advogada especialista em Direito Penal Andréia Arguelho explica que a lei é clara. “"A lei tem como objeto jurídico a igualdade entre os seres humanos, então o racismo é identificado quando diferentes seres humanos se consideram superior à outros em razão de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Quando se fala em racismo, o crime não está vinculado apenas a cor da pele ou raça, está também amparado pela lei as discriminações em razão da etnia e da religião ou procedência nacional.”, aponta.

Segundo ela, é necessário um aprofundado estudo histórico que inclusive, remete aos tempos bíblicos. “Na história da humanidade já identifica-se racismo mesmo antes de Cristo, que segundo a Bíblia, os hebreus foram escravizados pelos egípcios.(Livro de Êxodo). O holocausto foi a maior materialização do racismo na recente história mundial. Existem julgados nacionais em que pessoas foram condenadas porque praticaram racismo contra judeus, negros e nordestinos, bem como asiáticos. Considerando a evolução da sociedade, tem se que a lei que trata dos crimes de racismo é falha, uma vez que já poderia estar inserida como conduta típica a discriminação do ser humano em razão da orientação sexual", alerta”. E até por conta de sua profissão, sabe que os negros geralmente são os mais vitimados pela violência. "Impossível não ver". 


 


E essa abrangência é o que chama a atenção em alguns casos. Como Jordana Moraes que tem uma opinião próxima sobre o assunto. “Acho que existe discriminação no Brasil SIM, quanto à "raça", contra negros indígenas, quanto à forma física, quanto à ‘classe social’. Sou favorável às cotas e políticas afirmativas mas para as pessoas de baixa renda, independentemente da cor da pele”, aponta. 

O lacre sobre a discriminação ir muito além do negro, é feito por Rodrigo Viana. “Racismo existe aqui e em qualquer lugar. Sobre isso recentemente vi a entrevista daquele professor da BBC, onde seus filhos entraram ao vivo. Ele ficou bem chateado porque houve discussões sobre a mulher que entrou pra pegar os filhos, que muitos acharam ser a babá, mas na verdade era sua esposa. As cotas são ações afirmativas paliativas, não deveria ser ação de estado e prolongado. Deve-Se universalizar o ensino de qualidade para todos, na origem. É acabar com a goteira e não colocar balde para conter o problema. Cotas não sou contra, mas é uma ação que retarda o compromisso do estado”, finaliza. 

 

Porém segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar do percentual de negros no nível superior ter quase dobrado entre o anos de 2005 e 2015, o número ainda equivale a menos da metade dos jovens brancos com a mesma oportunidade que eram de   26,5% em 2015 e 17,8% em 2005. Os dados foram constatados pela Síntese de Indicadores Sociais - Uma análise das condições de vida da população brasileira. A pesquisa também mostra que os anos de ensino influenciam no salário: quanto maior a escolaridade, maior o rendimento do trabalhador.


Segundo o estudo, no ano de 2005, um ano após a implementação de ações afirmativas, como as cotas, apenas 5,5% dos jovens pretos ou pardos na classificação do IBGE e em idade universitária frequentavam uma faculdade. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior, a pesquisa foi divulgada em dezembro do ano passado. E segundo a mesma pesquisa, a dificuldade de acesso dos estudantes negros ao diploma universitário reflete o atraso escolar, maior neste grupo do que no de alunos brancos. Na idade que deveriam estar na faculdade, 53,2% dos negros estão cursando nível fundamental ou médio, ante 29,1% dos brancos.

 

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