Apesar de facilitar muito a vida das pessoas, os grupos de WhatsApp também ajudam a fomentar o comércio ilegal de medicamentos que podem ser nocivos à saúde como é o caso da sibutramina. O medicamento é usado para auxiliar no emagrecimento, mas se ministrado de forma errada causa danos ao paciente, e por isso é vendido somente com receita médica. Ainda assim, há quem arrisca em comprar sem passar pelo crivo médico.
A reportagem entrou em contato com uma vendedora após a denúncia de uma mulher que pediu para não ser identificada. Ela que trabalha na área de saúde, disse que se revoltou com a atitude. “É errado e muitas mulheres na ânsia de emagrecerem acabam comprando. Às vezes o medicamento é falsificado e pode causar mais mal ainda”, denunciou.
Em um grupo de mulheres por exemplo, uma mulher com o nome de Jennifer oferece o remédio livremente, e que seria vendido sem a receita azul, necessária para compra de medicamentos tarja azul, ainda mais completa que a preta, já que você assina um termo de compromisso.
Sem questionar as condições de saúde da paciente, ela explica sobre o remédio. “Entao a sibutramina ela e um remédio que inibe a fome. E te deixando satisfeita, você tem que tomar de manhã após o café e durante o dia se hidratar bem. Ou seja tomar bastante água”, orienta como se tivesse autorização para tal.
Segundo ela, o remédio custa R$ 150 para um mês de “tratamento. Quando questionada sobre os possíveis efeitos colaterais, a vendedora garante que só pode dar ‘dor de cabeça’ e para isso, usa o exemplo da própria sogra para ilustrar. “Não o que pode dar e dor de cabeça, mas é muito difícil. Minha sogra toma já tem oito meses e ela não sente nada. Saiu do 52 e está no 46 agora”, afirma usando tamanhos de roupas para mostrar o quanto o remédio “emagrece mesmo”.
Ela garantiu que o medicamento não é falsificado e traz de São Paulo e não do Paraguai, como muitos vendedores.
Venda é controlada e pode geral de multa a prisão
O problema é que o medicamento não pode ser vendido sem receita. “Precisa da receita azul B2 e o termo de responsabilidade”, explica a atendente de farmácia Ana Emília Malta. Segundo ela há várias sanções para quem vende o remédio sem receita. “No caso nas farmácias o controle é rígido e a multa altíssima e tudo mais, além de processos tanto quanto a empresa quanto contra o farmacêutico que vende. Pode dar até cadeia, porque não pode ser comercializada em qualquer farmácia e o estabelecimento tem que ser liberado pela vigilância”, enfatiza.
Ao ser questionada sobre a venda ilegal de medicamentos, a vendedora “informal” buscou desculpas para explicar a revenda. “Não estou fazendo anda de errado, na internet faz”, justificou. Depois mudou a versão e afirmou que só estava vendendo as cartelas pois não teria se adaptado ao remédio.
“Eu comprei seis cartelas para mim, não gostei e resolvi vender. Tomei só uns quinze dias”, disse após saber que estava falando com a reportagem e não com uma possível cliente.
Riscos
Segundo os médicos – e isso é possível numa simples busca na internet, o risco que o uso indiscriminado da sibutramina provoca no organismo é muito alto, já que a administração do medicamento em pessoas com problemas cardíacos pode levar ao derrame e enfarte, além de uma infinidade de efeitos colaterais, como a boca seca e amarga, náusea, estômago irritado, constipação, problemas para dormir, tontura, dores menstruais, dor de cabeça, sonolência, alteração de humor e dor nos músculos e nas articulações.
Crime
De acordo com o Código Penal brasileiro a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais são condutas consideradas crimes. Segundo o artigo 273 a pena pode chegar até 15 anos de prisão, além de multa.
E sim, isso inclui em relação a produtos vendidos sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente, como é o caso do vendido pela Jennifer, que também está infringindo os incisos que punem quem vende ou com aqueles medicamentos sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização, de procedência ignorada ou adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.
Ou seja, não é só quem vende, mas também quem compra o medicamento está cometendo um crime.