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Política

Pedido de impeachment de Reinaldo protocolado por vereador possui 300 páginas

Siqueira entregou o documento na Casa de Leis na manhã desta segunda-feira (22)

23 maio 2017 - 17h00Por Diana Christie

O pedido de impeachment do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), protocolado pelo vereador Vinícius Siqueira (DEM) na Assembleia Legislativa, possui cerca de 300 páginas, com detalhes sobre a delação premiada do grupo J&F, cópias de notas fiscais e supostos indícios de pagamentos de propinas.

As informações são da assessoria do vereador, que entregou o documento na Casa de Leis na manhã de segunda-feira (22). “Eu não poderia me omitir quanto ao governo Estadual. Se fizemos no federal, vamos fazer no Estadual também”, enfatizou relembrando os movimentos que resultaram no afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), no ano passado.

De acordo com a assessoria do democrata, Siqueira entregou o pedido no papel de cidadão indignado com a situação e não como parlamentar. “Acredito que primeiramente vá passar pela Procuradoria e depois o presidente [Junior Mochi, do PMDB] vai tomar a decisão de acatar ou não a denúncia para dar início às investigações”, finalizou.

Foto: Assessoria

O vereador tem como base depoimento do empresário Wesley Batista para a PGR (Procuradoria-Geral da República). O sócio da J&F acusa Reinaldo de participar de esquema de pagamento de propinas em troca de incentivos fiscais para o frigorífico JBS, que começou com Zeca do PT, passando por André Puccinelli (PMDB) até chegar ao atual governador.

Conforme Wesley, Azambuja recebeu propina de R$ 10 milhões em espécie, sem intermediários. Também cita uma nota de R$ 12,9 milhões em nome do Buriti Comércio, que teria sido emitida em 2015. “O próprio governador tratava comigo. O [[Valdir Aparecido] Boni ia lá no palácio do governo em Campo Grande. Essas notas, o Boni pegou em mãos com o governador e processou o pagamento”, acusa.

O sócio da JBS destaca que a maioria dos incentivos era ‘legítima’, com exceção de um que o acordo teria sido descumprido. Também diz que o irmão, Joesley Batista, autorizou um ‘adiantamento’ de propina no valor de R$ 12 milhões para o ex-senador Delcídio do Amaral durante a campanha eleitoral de 2014, que seria descontado se ele fosse eleito governador.

Apesar da derrota para os tucanos, a JBS não ficou no prejuízo. Segundo o depoente, Joesley “negociou com o Reinaldo e o Delcidio que se um ganhasse pagava a conta do outro”. Por fim, Wesley destaca que a corrupção no Estado seria endêmica. “Não era só nós que tínhamos. De frigorificozinho pequeno aos grandes, temos a informação de que a pratica é recorrente”.

Outro lado

Em nota intitulada ''Compromisso com a verdade'', o governador Reinaldo Azambuja negou as acusações e afirmou que, dos cinco termos de acordo de incentivos fiscais celebrados entre o estado de Mato Grosso do Sul com a JBS, apenas um foi assinado na gestão dele. 

''Esclareço que referido termo assinado em minha gestão teve como objeto investimentos para ampliação e geração de novos empregos em diversas unidades frigoríficas em Mato Grosso do Sul, conforme legalmente estabelecido pela política de incentivos estadual'', declara o governador de MS.

O chefe do Executivo disse ainda que o valor exato recebido dos executivos foi R$ 10,5 milhões, e não R$ 10 milhões, conforme disse Wesley Batista na delação premiada, repassado através do PSDB nacional. Ainda segundo o tucano, o dinheiro está regularmente declarado na prestação de contas eleitorais da candidatura dele.