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09/06/2014 06:00

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Há cincos anos, Sarobá ocupa as ruas e resgata botecos de Campo Grande

Ocupação

Rua Rui Barbosa fechada. Ou seria aberta? Crianças, adultos, idosos se aglomeram em torno de uma apresentação musical que acontece no meio da rua. Na altura do número 4488, o Bar da Dona Carmem, famoso pelas apresentações semanais de Chamamé ao vivo, recebe um público diferente do habitual. É a festa Sarobá, edição Fronteira Livre, que se iniciou às 16h de sábado (7). Realizada pelo Teatro Imaginário Maracangalha, há cinco anos, a celebração pública é itinerante e procura resignificar espaços públicos abandonados e redescobrir os botecos de Campo Grande.


Aguenas Bar, Lagoa Itatiaia, Praça Cabeça de Boi, Antiga Rodoviária, Bar Vai ou Racha, Orla Ferroviária. Estes são alguns dos locais por onde passaram as edições do Sarobá. Muitas vezes desconhecidos do grande público ou particularmente conhecidos de alguns, os espaços são escolhidos por meio de pesquisas e lembranças reunidas por membros do Maracangalha, de quando os bares não eram meramente espaços de consumo. “Com o passar dos anos surgiu o fenômeno das conveniências, em que se troca o dinheiro pelo produto, e não mais experiências. Então percebemos que os botecos são espaços de celebração que ficam entre a casa e a rua”, explica Fernando Cruz, ator à frente do grupo teatral.



O Bar da Dona Carmem, no bairro São Francisco, foi o palco da última edião da festa. (Foto: Diogo Gonçalves/Ateliê Passarinho)


O nome Sarobá tem origem em um dos escritos do poeta corumbaense, Lobivar Matos, cujo trabalho conceitua boa parte das ações do grupo. Sarobá era o nome de um bairro de negros, mais animado que o restante da cidade fronteiriça. A coincidência com a intenção do grupo de teatro acabou batizando a festa de rua realizada bimestralmente na Capital. Reunindo música, dança, teatro e poesia a festa caiu no gosto dos adoradores de cultura e ganhou a possibilidade de ampliar seu público, quando foi contemplado com pelo prêmio Funarte/2012.


Antes da premiação a festa contava apenas com ajuda dos chamados “comparsas” para acontecer. Apesar de fielmente comparecerem, com ajuda do poder público, mais grupos se agregaram ao acontecimento. Sebos, exposições, barracas de produtos artesanais, uma tradicional baiana vendendo Acarejá, as tapiocas, lanches vegetarianos e a tradicional cerveja gelada dos botecos que inebria a todos.



Bolicho Lobivar Matos vende de artesanatos a livros usados. (Foto: Diogo Gonçalves/Ateliê Passarinho)


A complexidade dos temas abordados em cada edição permite a formação do público que acompanha o Sarobá. Além da celebração pública, um dia antes, é realizado o “Seminário Arena Aberta”, que debate a questão da importância de resgatar tais locais por meio da festa. “Por ter memória, o espaço passa a ser de troca de afeto. Arte e cultura na rua podem humanizar as relações”, acredita Cruz.


Em meio às proporções que ganhou a iniciativa, uma coisa se mantém a mesma desde o início: o desfile do cortejo. O estandarte artesanal e um homem de perna de pau atraem o público sempre acompanhado de uma composição musical simples e poética. O método tem dado resultado, já que em 2013 as ações tiveram em média 1500 pessoas em cada uma das seis edições.


Varal com poesias de Manoel de Barros. (Foto: Diogo Gonçalves/Ateliê Passarinho)


O auxiliar administrativo, Marco Aurélio Campos, 37 anos, esta entre os que se depararam com o Sarobá pelos botecos da vida. “Frequento o bar da Dona Carmem desde 1998, quando estudava no colégio 26 de Agosto”, lembra. Tropeçando na polca, no rock, no reggae, misturados ao tradicional chamamé, ele define a iniciativa como uma espécie de “punk liberal”.


Já a cabeleireira, Fátima Benitez, 49 anos, aproveita o evento para buscar na memória os momentos marcantes no Bar da Carmem. “Uma vez passei por aqui 7 horas da manhã e estava tocando aquela música Alma Serrana, enquanto ela já preparava o bar. À tarde já possível ouvir o violão tocando. É um bar bem animado”, recomenda. Tanto Marco como Fátima garantem que seguiram o rastro dos 'comparsas' e já procuram saber sobre a próxima edição, que deve ocorrer em agosto, quando a festa comemora cinco anos de existência.

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