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Campo Grande

Dívidas e condenação à prisão reduzem casal Picarelli a pó em Campo Grande

Ex-deputado e ex-vereadora nunca mais reconquistaram mandatos políticos

19 julho 2021 - 07h00Por Thiago de Souza

O casal Magali e Maurício Picarelli em nada se parece com marido e mulher que outrora era influente na política de Mato Grosso do Sul. Os mandatos de vereadora e deputado nunca mais foram reconquistados. Hoje, só há condenação à prisão e penhora de bens na Justiça, por dívidas que somaram cerca de R$ 1 milhão. 

Quem diz isso são os vários processos que correm na Justiça. O mais grave é a condenação da ex-vereadora por Campo Grande, Magali Picarelli, neste mês. Ela pegou sete anos de cadeia por abrigar em seu gabinete a nora e a ex-nora, que atuavam como funcionárias fantasmas. Cabe recurso da decisão.  Além da ação criminal, segue um processo por improbidade administrativa, que está na fase de alegações finais. 

Em cerca de dez anos, Magali sofreu vários revezes políticos: o primeiro na eleição para a Câmara em 2012, onde ficou como suplente. Ela acabou assumindo o cargo em 2014, com a saída de Edil Albuquerque. A reeleição não veio em 2016, quando disputou pelo PSDB. Em 2022, tomou um outro ‘’não’’ do eleitor, desta vez concorrendo pelo MDB. 

Maurício 

Picarelli acumulou oito mandatos de deputado estadual, mas em 2018 viu o eleitor perder o interesse por ele. Em seus programas no SBT MS, TV Guanandi e RecordTV MS, o deputado tinha uma audiência cativa e por muitos anos foi soberano na linha de atrações populares. 

No entanto, Picarelli saiu da TV definitivamente em 2016 e passou a atuar pela internet. Em 2019, ele assumiu o comando da Rádio e TV Assembleia. Sem emissora de TV nem mandato, o apresentador do bordão ‘’não assine nada sem ler’’ e ‘’quem avisa amigo é’’, viu uma avalanche de processos por dívidas surgir. 

Dívidas

Em 2015, Picarelli e uma empresa contraíram uma dívida junto ao Bradesco, no total de R$ 471 mil. Um ano depois e sem o pagamento, o débito saltou para R$ 626 mil. 

Como não houve acordo, o juiz Cássio Roberto dos Santos determinou que bens do apresentador fossem avaliados para possível penhora. Um perito avaliou um imóvel na vila Joselito, de alto padrão, em R$ 1,2 milhão. 

Picarelli se manifestou e disse que não conseguiu realizar o pagamento em razão dos efeitos econômicos da pandemia. Mas destacou que já pagou R$ 164 mil da dívida e pediu nova audiência para tentar negociação. 

Aluguel

As dívidas não param por aí. Maurício Picarelli Júnior é cobrado na Justiça por uma dívida de aluguel, na rua Eduardo Machado Metello, no Chácara Cachoeira. Magali e Maurício Picarelli entraram como fiadores. 

O filho do então deputado pactuou um contrato por 30 meses, a partir de 2014. Ele desocupou o imóvel, mas por cerca de dez meses não pagou o aluguel. O montante da dívida nesse caso somou R$ 28 mil. 

Nesse processo, a defesa alegou que o inquilino não recebeu as chaves do imóvel, mas o juiz refutou o argumento. Em seguida, o magistrado mandou avaliar um lote de 402 metros quadrados na Vila Joselito, de alto padrão, para possível penhora. 

Mais dívida

Picarelli também é cobrado por conta de um cheque de R$ 300 mil em agosto de 2017. Essa dívida também não foi quitada e igualmente cobrada judicialmente. 

O ex-deputado estadual chegou a alegar que assinou o cheque de ‘’boa fé’’ e que não recebeu o valor correspondente. Os advogados do cobrador destacaram que o argumento era ‘’ridículo’’, entre outras coisas pelo fato que o deputado é conhecido pelo bordão ‘’não assine nada sem ler’’. 

Da mesma maneira, o juiz determinou avaliação de um lote em um bairro de alto padrão na cidade a fim da quitação dos bens. Em maio deste ano, uma empresa foi designada para promover o leilão do bem imóvel. 

Advogado

Magali e Maurício também são réus por conta de um empréstimo de cerca de R$ 160 mil ao Bradesco, em 2015. O montante deveria ser pago em 60 parcelas de R$ 4,7 mil. A primeira parcela venceu em julho de 2015, mas a partir de agosto de 2016, a dívida não foi mais paga. Hoje, o débito soma R$ 226 mil. 

O que chama a atenção nesse caso, é que um advogado que defendia Picarelli em outro processo por dívida, se colocou como terceiro interessado na anção, pedindo para que a Justiça bloqueasse R$ 49 mil da conta de Maurício a fim de quitação de honorários advocatícios. 

O casal teve a conta bloqueada para quitação do débito. A defesa dos Picarelli chegou a pedir a anulação do bloqueio, alegando que os valores lá existentes eram do salário com deputado estadual. No entanto, o juiz destacou que não ficou provado que os valores eram fruto dos proventos de Picarelli e manteve a decisão. Ainda há outros processos onde Picarelli é cobrado por dívida. 

Sobre as dívidas com o Bradesco, a defesa de Picarelli respondeu assim: 

‘’Os advogados Maikol Weber Mansour e Paulo da Cruz Duarte esclarecem que como qualquer pessoa que convive em sociedade, o senhor Picarelli passou por algumas dificuldades no pagamento de empréstimos realizados com o Banco, por culpa exclusiva da instituição financeira, que cobra juros abusivos. No mais, toda dívida, já está em renegociação e será sanada’’. 

Ainda sobre as ações judiciais, a defesa destacou que Maurício e Magali pediram prazos para negociar os débitos. A defesa garante que nenhum imóvel foi tomado do casal e que a penhora é um procedimento comum nesses casos. 

Sobre o débito com aluguel, os advogados dizem que Picarelli Junior entregou as chaves do imóvel, porém, não recebeu nenhum comprovante. ‘’Assim, a imobiliária está executando os aluguéis. Nesse caso, iremos atravessar uma defesa (exceção de Pré-executividade) e demostrar que o nosso cliente nada deve, pois houve apenas uma falha de comunicação entre as partes’’.