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Campo Grande

30/07/2020 15:00

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DOLOROSO: vida de diaristas piora ainda mais na pandemia em Campo Grande

“Cheguei na casa e fiz todo o serviço, quando chegou ao fim da tarde disseram que pagariam só na outra semana”

Para a maioria, a pandemia não trouxe só o risco de adoecer da covid-19. Traz também incertezas, medo de não conseguir sobreviver e ter de lidar com graves situações no trabalho. Diaristas, uma das classes mais afetadas, penam para conseguir um trabalho e, ao mesmo tempo, ter que aturar falta de pagamentos e abusos de certos patrões.

Obviamente que são casos e casos e não se deve generalizar. Mas, o assunto (diaristas/domésticas X trabalho/empregadores) ganhou holofotes nesta semana, após uma diarista se pendurar na janela de um apartamento para limpar os vidros na Capital. Mas é apenas um dos casos na cidade.

Nós vamos chamar a personagem de hoje de Wilma (nome fictício) porque ela teve receio de se identificar. Ela tem 32 anos e é mãe de três crianças. Wilma está aceitando fazer diárias no “fiado” só para não perder serviços.

“Tá difícil. Eu fazia de cinco a seis diárias por semana. Agora faço menos da metade. E ainda muitas vezes, eles [patrões] demoram pra pagar. A desculpa é sempre a mesma: por causa da pandemia. Esses dias fui em uma casa e fiz todo o serviço, quando chegou ao final da tarde disseram que pagariam só na outra semana. Eu precisava do dinheiro pra comprar mistura, mas tive que aceitar porque se não eles não chamam mais. Fiquei chateada porque deveriam ter avisado antes. A gente sai de casa já pensando que já vai pegar o dinheiro”, diz a diarista.

Sandra, de 48 anos passou pela mesma coisa. “Ela me ligou e perguntou se eu podia ir no sábado (dia da minha folga). Eu aceitei e cobrei bem barato. A casa estava uma zona. Tinha sujeira de tudo que é jeito, e ainda ajudei ela a colocar uns móveis dentro. Ela só falou que ia me pagar depois, quando falei que tinha terminado. Fiquei com uma raiva. E o pior fiz tanta força que tive que gastar com torsilax pra melhorar a dor no corpo”.

Wilma continuou contando que em todas as casas a fala é praticamente a mesma: “tem que agradecer de ter um serviço porque tem gente que não está trabalhando” ou “nem precisava muito, só te chamei para ajudar mesmo”.

Wilma trabalha em casas e apartamentos desde adolescente e cita que já passou por poucas e boas, e inclusive fora acusada de furto uma vez. “A madame procurou um anel e não achou. Aí fiz a limpeza da casa, e percebi que ela passou a tarde toda estranha. Deu 17h quando fui pegar minhas coisas ela pediu pra olhar minha bolsa. Eu fiquei nervosa e respondi ela mal. Falei que era pra chamar a Polícia, que a gente ia resolver lá mesmo. Foi aí que a filha dela chegou da escola com o marido dela. Eles viram a confusão e a menina confessou que ela tinha pego pra usar. Nunca mais fui lá”.

Um caso positivo

Dona Rosalva trabalha com os mesmos patrões há 30 anos. Ela conta que a casa que mora há 20 foi cedida por eles, que não cobram aluguel e só pedem que preserve o local. “Meu marido morreu e meus filhos tinham 10 e 12 anos. Eu sai para procurar emprego e acabei indo parar na casa dessa família. Eles são muito bons com empregados. Sempre dão algum bônus, ou cesta. Eu fiquei tanto tempo lá e eles descobriram que eu ficava quase sem nada do salário porque tinha aluguel. Foi aí que fizeram a proposta pra eu ficar na casa, que estava vazia”, diz.

 

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