Tentativa de Vander Loubet (PT) de ter Rose Modesto (União Brasil) candidata à prefeita de Campo Grande causou enorme rebuliço nas correntes internas da legenda no MS. Houve quem classificasse a proposta como um atentado à história da sigla. 

A iniciativa de Vander e Zeca do PT já era comentada nos bastidores da política, mas tornou-se palpável na matéria do TopMídiaNews, no dia 1º. O deputado federal estaria prestes a colocar o nome da ex-vice-governadora Rose Modesto para apreciação do Diretório Municipal. 

Amaducci diz que Rose no partido é desrespeitar história (Foto: André de Abreu)

Entre os mais revoltados com a proposição de Vander e Zeca, que lideram uma corrente interna chamada ''Resistência Socialista'', foi o ex-prefeito de Mundo Novo e ''dinossauro'' do Partido no MS, Humberto Amaducci. 

''A resistência socialista está mais pra 'resistência ao socialismo', disparou Humberto. Ele disse que esse ''grupo'' quer se articular para buscar alianças com pessoas ''defensoras de todo tipo de preconceito, opressores e exploradores que no último período se dedicaram destruir o PT''. 

Indiretamente Amaducci citou Rose Modesto, que quando deputada federal de 2019 a 2022, em grande parte se manteve alinhada com o então presidente Jair Bolsonaro. Além disso, Modesto, que hoje ocupa cargo federal na Sudeco, apoiou Capitão Contar ao Governo do MS, o que a deixou marcada como simpática ao espectro da direita mais radical. 

Amaducci observa que cabe aos petistas de Campo Grande e de todos os diretórios municipais exigir respeito das suas histórias e lutas. Ou seja, repudiar a proposta de Vander e Zeca. 

''Espero sinceramente que o PT da Capital e nossas valorosas companheiras mantenham o nome de Camila'', concluiu o ex-prefeito de Mundo Novo. 

Zeca do PT também teria apoiado Rose à prefeitura (Foto: André de Abreu)

PT MS 

O presidente estadual da legenda, Vladmir Ferreira, diz que o nome escolhido para a prefeitura até o momento é o de Camila Jara. No entanto, minimizou a repercussão à ''proposta indecorosa'' de Vander e Zeca. 

''No PT as pessoas têm todo direito de ter e defender sua posição, mas o diretório decidiu pela Camila Jara'', respondeu Ferreira ao TopMídiaNews.

''Essa discussão estará presente no universo da política, o universo de possibilidades são enormes, mas para nós vale o que foi encaminhado pela direção [municipal]'', concluiu o presidente regional do PT. 

Amor de pai

O jornalista Gerson Jara, pai da deputada Camila, saiu em defesa da filha. Ele postou na rede social dura crítica a Zeca e Vander por tentarem emplacar candidatura de uma mulher que apoiou Bolsonaro em detrimento da filha ''militante raiz''. 

''Pelo jeito Vander e Zeca operam no PT a serviço do PSDB'', atacou Gerson. Em outra postagem, o pai da pré-candidata se manifestou assim: 

''É triste ver o PT de Campo Grande se transformando em legenda de dois parlamentares que vendem a alma e a ideologia por cargos e se prestam a ser serviçal da extrema direita'', desabafou o jornalista. 

''Zeca e Vander rifando o partido em todo o Estado'', lamentou um internauta. 

Jara se diz a escolhida da militância e diretórios (Foto: Wesley Ortiz)

Camila 

Camila emitiu nota nesta segunda-feira e disse que é oficialmente pré-candidata do partido. Ela se disse referendada pela militância, diretórios municipal e estadual e Juventude Nacional do partido. Ela também citou preferência de ministros do governo e até do presidente Lula. 

''O PT tem, desde a sua fundação, a unificação em torno de um projeto que contemple as diversas vozes que compõem o espírito do partido. Esse espírito deve nortear as decisões das lideranças em todas as esferas'', refletiu a parlamentar. 

Procuramos o presidente do diretório municipal do PT, Agamenon do Prado, mas não houve retorno. Acionamos os deputados Zeca do PT e Vander Loubet, que igualmente não responderam. Todos os envolvidos podem se manifestar.