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Nem avisos de autoescola protegem motoristas da falta de educação no trânsito de Campo Grande

Buzinas, xingamentos e arrancadas são algumas das coisas que mais atrapalham quem está em processo de aprendizagem no trânsito da Capital

11 dezembro 2021 - 18h10Por Antonio Bispo

A briga de trânsito entre um motorista impaciente e uma aluna de autoescola, que terminou com um homem esfaqueado, em Campo Grande, acendeu um alerta para quem lida com essas situações diariamente.

Para o instrutor de autoescola Alisson Martin, que atua na profissão há 6 anos, o trânsito da Cidade Morena está cada vez pior com o aumento do número de veículos nas ruas e o fato de muitas pessoas sempre estarem apressadas.

"Hoje em dia todo mundo anda com pressa, tem alguma coisa para resolver, para fazer. E sempre o seu tempo é mais importante do que o tempo do outro, perdendo o respeito que tem pelo próximo no trânsito", afirmou.

Alisson lembrou, ainda, que é normal que motoristas em formação cometam erros, como deixar o carro afogar, mas, o que mais atrapalha nesse processo, é a impaciência de quem está atrás e começa a buzinar ou expor a insatisfação com o aprendiz.

"Muitos têm facilidade para aprender, enquanto outros têm um pouco mais de dificuldade. As pessoas não têm mais empatia com o outro. Se ela tem habilitação, é porque já passou por aquela situação".

Dentre as atitudes dos motoristas, buzinas, xingamentos e até gestos obscenos são comuns no dia a dia de quem trabalha com a formação e de quem está aprendendo a dirigir.

O publicitário Kaue Duarte, que está nas aulas práticas para conquistar a tão sonhada CNH, relatou que sentiu uma insegurança muito grande para dirigir nas ruas da Capital.

"Eu respeitava todas as velocidades máximas permitidas nas vias e, para alguns, essa velocidade que é obrigatória para todos, é muito 'lenta'. Então eu escutava buzinada, fui xingado, além de outros insultos que deixam a gente mais nervoso no trânsito", relatou.

Além da falta de respeito dos motoristas, o jovem reclama das vias da cidade. Muitas aulas são praticadas em ruas de bairros que não possuem uma estrutura adequada para o ensino prático.

"Eu senti muita dificuldade nos bairros. A sinalização é péssima, nós temos que adivinhar qual é a via principal. A ajuda dos instrutores para nos informar é essencial", finalizou.

Em nota, o Detran-MS informou que não há previsão de infração de trânsito direcionado a questões de educação ou falta de respeito aos veículos de autoescolas, não havendo, assim, penalidades.

"O direcionamento dado aos CFCs quando dos cursos de atualização e formação de instrutores de trânsito, é que não revidem às ofensas recebidas, pois, fazendo isso, acaba sendo um mau exemplo para o seu aluno".

Agressão

Um homem de 37 anos foi atingido por golpes de facão após tentar defender uma aluna de autoescola, na tarde dessa segunda-feira (6), na Rua Lucélia, bairro Monte Líbano, em Campo Grande.

Conforme o Boletim de Ocorrência, a aprendiz afogou o veículo da autoescola na rua. O motorista de um Fiat Uno, de cor prata, desceu do carro e começou a gritar com a jovem e com o instrutor.

Ao presenciar a cena, o homem foi até o local e disse ao motorista irritado que não tinha necessidade dos gritos.

O suspeito foi até o veículo, pegou um facão e acertou o pescoço da vítima. Ele pediu ajuda para um policial que estava de folga.

Após ver o policial, o suspeito entrou no carro e fugiu. Ele estava acompanhado de uma idosa.