O que já foi um dos principais cartões-postais de Campo Grande, a antiga rodoviária Heitor Eduardo Laburu, hoje é sinônimo de abandono, insegurança e descaso do poder público. Localizado no bairro Amambai, o espaço, que já abrigou mais de 200 lojas e movimentava a economia e o transporte urbano da cidade, está tomado por usuários de drogas, pessoas em situação de rua e prédios abandonados.
Comerciantes e moradores da região denunciam que o local se transformou em uma espécie de "cracolândia" a céu aberto. Mesmo com a diminuição de usuários após instalação da base da Guarda Civil Metropolitana dentro do complexo, o cenário continua de medo e degradação.
Inaugurado em 1970, o terminal rodoviário viveu seu auge entre as décadas de 1980 e 1990. A movimentação de passageiros e consumidores mantinha vivo o Centro Comercial, com mais de 200 lojas ativas. Tudo mudou em 2010, quando a rodoviária foi transferida para a Avenida Gury Marques, na saída para Dourados, e o local começou a definhar.
Desde então, os entornos do prédio foi gradativamente tomado por moradores de rua, usuários de drogas e ex-presidiários, o que levou ao fechamento de comércios e à fuga de empresários da região. Os poucos comerciantes que ainda resistem afirmam que vivem cercados por violência, furtos e abandono.
O sentimento de abandono é compartilhado por moradores, que não conseguem mais circular tranquilamente pelo entorno da antiga rodoviária. "Aqui era cheio de vida, hoje é droga, sujeira, insegurança. A gente corre o risco de ser abordada a cada esquina", desabafa uma moradora.
Revitalização a passos lentos
A situação da antiga rodoviária não é desconhecida da administração municipal. Em julho de 2022, a prefeita Adriane Lopes (PP) anunciou o investimento de R$ 16,5 milhões para a revitalização do espaço, por meio do programa Reviva Mais Campo Grande.
A proposta prevê que a área de 30 mil metros quadrados abrigue, entre outras estruturas, a nova sede da Funsat (Fundação Municipal do Trabalho) e da GCM (Guarda Civil Metropolitana). A obra é executada pela empresa NXS Engenharia, vencedora da licitação homologada em junho de 2022.
Apesar da magnitude do investimento e da importância histórica do local, a revitalização vem sendo constantemente adiada. Inicialmente prevista para ser concluída em até 365 dias após o início das obras, a entrega já foi prorrogada cinco vezes. O prazo mais recente, que previa término em junho deste ano, foi novamente empurrado para o final de 2025.
Desde o início da reforma, em 26 de junho de 2023, os adiamentos têm sido frequentes: primeiro para janeiro de 2024, depois dezembro do mesmo ano, em seguida junho de 2025 e, agora, fim de 2025. O motivo dos sucessivos atrasos não é explicado de forma clara pela prefeitura.
Enquanto isso, imóveis à venda, comércios fechados e alta criminalidade ao redor do antigo terminal comprovam a insatisfação e segue sendo a realidade de quem ainda vive ou tenta trabalhar na região.







