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NOTA PREMIADA
Campo Grande

Mau atendimento, demora e médicos detonam Saúde de Campo Grande, aponta Itop

Embaraços surgem já no atendimento, passa por falta de médicos e demora para agendar consultas

14 dezembro 2018 - 07h00Por Celso Bejarano

Falhas no setor da saúde pública, como falta de medicamentos, médicos, atendimento ruim, demora em marcar e fazer exames, horários para agendar consultas, internações, cirurgias, premeditam o problema  número 1 enfrentado pelos moradores de Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul.

Este é o desfecho do primeiro estudo elaborado pelo Itop (Instituto TopMidia de Pesquisa), criador  do projeto que tem como missão principal a de recolher um conjunto de informações sobre o momento atual que cada morador da cidade vive em relação à qualidade de vida e utilização de serviços públicos.

O levantamento do Itop foi construído a partir de 1.562 entrevistas, das quais 250 foram efetivadas durante o dia, noite e madrugada em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e UPAs (Unidades de Pronto Atendimentos) instaladas em Campo Grande, cidade de 885.711 habitantes, conforme estimativa divulgada em agosto deste ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A margem de erro da sondagem é de três pontos percentuais para mais ou para menos num nível de confiança de 95% sobre os resultados.

NÚMEROS

Na questão “em sua opinião, hoje quais são os maiores problemas/dificuldades que o sr. (a) enfrenta para viver em Campo Grande”, 54% dos entrevistados foram taxativos: a saúde, como a falta de médicos, medicamentos e dificuldades em agendar consultas em unidades de saúde públicas.

Conforme o levantamento, os problemas maiores no setor da saúde são notados logo no atendimento, que seria ruim. A pesquisa indica que 57% dos ouvidos pelos entrevistadores disseram que funcionários das unidades de saúde seriam “despreparados, tratam mal as pessoas, não dão informações ou orientações”, e, ainda, “ficam no celular”.

A sondagem do Itop revela ainda que 31% dos pesquisados, na hora de marcar consultas ambulatoriais se depararam com “poucas vagas, por isso tiveram que ir [até a unidade] de madrugada” para garantir a consulta.

A pesquisa revela também que 26% dos entrevistados disseram que enfrentam embaraços quando procuram as unidades de saúde para marcar exames médicos e encaminhá-los para os especialistas.

A demora na entrega dos resultados dos exames é a queixa de 21% do público pesquisado.

Falta de medicamentos controlados e de uso contínuo (17%) e demora em encaminhamentos para internações e falta de vagas (13%), engrossam a relação dos descontentes com o setor de saúde pública de Campo Grande.

DEPOIMENTO

O estudo do Itop expõe ainda declarações dos entrevistados. Fabrício Pillar, 52, morador do bairro Bosque da Esperança, por exemplo, disse ter nascido em Coxim e mora em Campo Grande há 21 anos.

Ele afirma que está “descontente com o problema que enfrenta sempre que necessita marcar consulta nas unidades básicas de saúde porque precisa ir de madrugada para garantir uma ficha, pois são muito poucas vagas ofertadas”.

Pesquisadores do Itop foram às unidades de saúde por três dias da semana e lá notaram que os horários mais críticos no atendimento ocorreram nas UPAs 24 horas das regiões do Leblon, Vila Almeida, Coophavila II e Nova Bahia.

Nestes locais, as filas para o atendimento andam mais lentamente da meia-noite às 2h da madrugada, horários que foram flagrados pacientes esperando a vez por mais duas horas.