O aumento sequencial da gasolina e a alta no preço da locação de automóveis tornaram mais difícil a vida dos motoristas de aplicativo em Campo Grande. Segundo os trabalhadores, a alternativa é escolher as melhores corridas, por exemplo, as que estão no modo de preço dinâmico.

O TopMídiaNews ouviu quase uma dezena de motoristas, além de analisar as conversas em grupos de condutores no Facebook.  

Para quem usa carro próprio, o problema é menor. Para esses, a alternativa é usar aplicativo de redes de postos de gasolina, onde há desconto significativo na hora de abastecer. Mesmo assim, é preciso escolher as melhores corridas para não ter prejuízo. 

Mary Vilhaaltta, 29 anos, usa a estratégia de abastecer com o etanol em vez da gasolina, que está a R$ 5. 

‘’... acho que compensa rodar apenas em horários de preços dinâmicos, que é quando o valor é pago justo para os motoristas. Rodar no chamado ‘branco’ [preços normais] não compensa de forma alguma’’, observa a condutora. 

Outros dois condutores, que não quiseram se identificar, também usam app de postos e adotaram o etanol para ‘’sobreviver’’ na atividade. 

‘’Agora abasteço no álcool a R$ 3,60. Larguei mão da gasolina’’, disse um dos colaboradores. 

Locação

O preço para alugar veículos se tornou tão caro, que gerou até discussão no grupo de motoristas. Um rapaz questionou se era preciso dar um caução [dinheiro como garantia] para a locação e rodar em app. Ao responder, demais membros foram irônicos para mostrar que a locação é inviável neste momento.

‘’Quem não tem um veículo próprio que não faça ao menos 12 km com litro de gasolina, vai passar fome...’’, disse um homem no grupo do Facebook ‘’Motoristas de Aplicativo de Campo Grande-MS’’. 

Outro condutor disse que consegue tirar R$ 3 mil líquidos por mês, mesmo pagando R$ 1.800 de aluguel. No entanto, destacou que roda das 5h às 23h ‘’quase todos os dias’’. Ele também não revelou quanto gasta com a manutenção do veículo.  

Preços 

Quando os aplicativos surgiram em Campo Grande, em setembro de 2016, o preço médio de locação de um veículo popular variava de R$ 1.300 a R$ 1.500. Hoje, segundo a Unidas Rent a Car, considerada a mais em conta, o valor está em R$ 1.899 para os modelos hatch e R$ 1.974 para os carros sedan. 

Mais problemas

Segundo Paulo Pinheiro, presidente da Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos de MS, além dos problemas com combustíveis e locação, houve queda significativa na demanda por passageiros. 

‘’Tivemos 30% de perda. As pessoas ficaram mais em casa na pandemia, com medo de pegar covid. Diminuíram os passeios, as visitas para familiares e os estudos e cursos hoje são feitos online’’, refletiu. 

Pinheiro também disse que, durante a pandemia, muitos motoristas de carros migraram para os serviços de aplicativo que entregam refeições.