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Que nojo!

Em lanchonete na 14 de Julho, pastel é frito em óleo preto, tem barata e 'recheio de racismo'

Louça era lavada no chão do banheiro, apontou ex-funcionária na 14 de Julho

02 dezembro 2020 - 17h00Por Thiago de Souza

Ivana Barbaresco, ex-funcionária do Rei do Pastel, na 14 de Julho, em Campo Grande, revelou que o ambiente onde os salgados são produzidos é completamente podre. Em vídeos e fotos, é possível ver baratas nas massas, louça lavada no banheiro e ainda acusações de racismo. Ela era chamada de ''Isaura'' e ''Negrinha''. A propreitária negou as acusações e sugeriu que houve uma armação. 

Conforme a denunciante expôs no perfil próprio do Facebook, ela foi contratada para trabalhar na fábrica, que fica em frente à Praça Ary Coelho. Ela e outras funcionárias teriam sido submetidas a uma jornada de 14 horas por dia. Outro fato grave apontado é a insalubridade do local. 

‘’...as louças eram lavadas no chão do banheiro, pois não tínhamos um local apropriado. Os pastéis fritos num óleo preto, totalmente sujo, pois não podíamos trocá-lo. As massas estragadas eram reutilizadas na confecção dos salgados, tudo uma nojeira!’’, garantiu a denunciante. Ela ainda aponta ocasião de quase rompimento de uma mangueira de gás. 

Ainda segundo Ivana, ela suportou o trabalho porque precisava, mas uma suposta situação de racismo foi a gota d’água para ela denunciar o caso. Ela se demitiu após discussão com a proprietária na manhã desta terça-feira (2). 

‘’...não deu mais para aguentar, depois de saber que, pelas minhas costas, eu era chamada de ‘negrinha’ e não podia ficar na frente do estabelecimento, pois os patrões não queriam que soubessem que uma negra trabalha ali. Até foi sugerido que usasse um saco de lixo na cabeça pois insinuaram que meu cabelo é feio’’, completa a jovem. 

‘’venho pedir para que não consumão nada deste estabelecimento, pois R$ 2 reais não vai pagar a possível intoxicação alimentar causada pela tamanha falta de higiene e respeito’’, acrescentouu a jovem, que destacou que uma fábrica de mesmo nome nas Moreninhas não tem nada a ver com o caso. Ela registrou um boletim de ocorrência por racismo e vai entrar com uma ação contra os proprietários. 

Imagens

As imagens foram gravadas por uma colega da denunciante, Aline Maciel Lemes, 22 anos. Ela já pediu demissão e diz que os donos se referiam à Ivana como ''Isaura'' (em referência a história da novela Escrava Isaura) e ''negrinha''. Ela foi junto com Ivana registrar boletim de ocorrência no 1º DP, no centro. 

O caso gerou grande repercussão na rede social. Atè às 16h desta quarta-feira (2), foram 813 comentários e 545 compartilhamentos. 

''Cadê a Vigilância Sanitária que não fechou esse chiqueiro ainda?'', questionou uma internauta. 

Reposta

A proprietária, que se identificou como Rúbia, que veio do Paraná, negou as acusações. Sobre a limpeza, ela disse que a responsabilidade do asseio da cozinha era de Ivana. ''Então é estranho. Ela está criticando o próprio serviço'', disse Rúbia. Sobre as baratas, a dona disse que, realmente, elas apareceram em algumas ocasiões, mas que o local foi dedetizado. Uma caixa de tomate onde aparecem grilos, ela justifica que foi pega na feira das Moreninhas e não percebeu os insetos. Ela garantiu que o ambiente está limpo e que a reportagem pode ir lá checar. 

Sobre as acusações de racismo, ela nega que tenha se referido a Ivana com termos racistas. Em relação ao cabelo, Rúbia disse que Ivana não queria usar touca, mas que isso era exigido por conta do cuidado com os alimentos. A comerciante destacou que as fotos não foram tiradas no mesmo dia e acredita que Ivana tenha premeditado a situação para ''fod'' com ela.