A Wala Engenharia Ltda, responsável pela construção da ponte de concreto que desabou – veja o vídeo aqui - neste sábado (2), em Guia Lopes da Laguna, está na lista de empresas investigadas pela Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica. Um dos sócios da empreiteira, Nivaldo Rodrigues Araújo, teria negociado obras com o pivô dos escândalos, o megaempresário João Alberto Krampe Amorim.
De acordo com a PF, “os contatos de João Amorim com outros empreiteiros da cidade, que seriam ‘concorrentes’ demonstra o respeito que todos têm por ele, espécie de articulador do setor”. Em ligação telefônica interceptada em 28 de abril de 2014, às 15h49, Nivaldo e Amorim aparecem em possível negociação da obra da MS-171 e falam sobre o aval do então secretário de Estado de Obras, Edson Giroto. Veja:
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JOÃO: O GIROTO fez um comentário do vô do ROMULO para o ROMULO, precisa do aval do GIROTO para esse negócio aí?
NIVALDO: Falei pra ele que só quero a 171, que é menor pra mim, porque estou com as minhas máquinas e vou tirar tudo de locação, porque está tudo locado, né?
JOÃO: Mas aí então tá NIVALDO, mas aí não interessa pra nós, viu NIVALDO.
NIVALDO: É né?
JOÃO: Não... Tá bom?
NIVALDO: Então tá bom.
Nivaldo também é sócio das empresas Opção Engenharia Ltda e JN Engenharia Ltda – EPP, que venceram licitações para obras de urbanização do fundo de vale do córrego Lagoa, em Campo Grande (R$ 1,4 milhão); restauração e pavimentação asfáltica, revitalização e construção de portais de acesso do Parque das Nações Indígenas e acesso à Polícia Ambiental (R$ 2 milhões, divididos em dois contratos); e a reforma do prédio do Núcleo Regional de Saúde, em Dourados (R$ 122,3 mil).
Já a Wala Engenharia, segundo a PF, assumiu as obras de manutenção e conservação das rodovias não pavimentadas, incluindo a operação de equipamentos e fornecimento de mão de obra especializada da 8ª Residência Regional, em Corumbá (R$ 3,94 milhões); da 4ª Residência Regional, em Miranda (R$ 4,57 milhões); e a ampliação da biblioteca padrão da Escola Estadual Coronel Pedro José Rufino, em Jardim (dois contratos de R$ 289,9 mil e R$ 53,4 mil).
Ponte em Guia Lopes da Laguna
A construção da ponte de concreto armado, que desabou sobre o Rio Santo Antônio na rodovia MS 382, tinha 72 metros de extensão, além de 5 metros de largura, e foi orçada em R$ 1.252.913,62, conforme o Diário Oficial de 11 de julho de 2011. Ela foi inaugurada em 02 de fevereiro de 2012, pelo ex-governador André Puccinelli (PMDB), também citado na Operação Lama Asfáltica como possível beneficiário de propinas para o direcionamento de licitações.
Contrato entre Governo do Estado e Wala Engenharia Ltda - Foto: Reprodução/Diário Oficial do Estado
A ponte integrou um conjunto de obras de reconstrução de estruturas danificadas pelas chuvas que ocorreram no verão de 2010/2011, realizada com recursos do Governo Federal destinado a recuperação de áreas afetadas por desastres naturais, através do Ministério da Integração Nacional. Em Guia Lopes da Laguna, ela substituiu uma ponte de madeira por outra supostamente mais moderna.
De acordo com o vereador do município, Ademir Souza Almeida (DEM), em entrevista ao Jornal da Cidade, o desvio no leito do rio comprometeu a cabeceira da ponte. Apesar do desastre, a estrada não é o único caminho de acesso aos assentamentos rurais e à cidade de Antônio João. Existe ainda uma estrada municipal, em más condições de conservação, mas que representa um caminho mais longo em comparação com a MS-382.
