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18/09/2017 17:40

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Sem água e em condições precárias, assentados vivem uma história de luta diária

Reportagem conta história de moradores do assentamento Indaiá, que não possuem água encanada e posto de Saúde do local não funciona

Não tem como passar despercebido. As rugas nos rostos e os olhares de sofrimento revelam que os moradores do assentamento Indaiá 2 estão passando por dificuldades. Eles alegam descaso do poder público em necessidades básicas do ser humano como água potável e Saúde Pública.

Em conversa com a reportagem do TopMídiaNews, os assentados revelaram como fazem para sobreviver sendo, segundo eles, esquecidos pela Prefeitura Municipal e o Governo do Estado.

São cerca de 70 km do Centro de Aquidauana até o lote do produtor B. P., de 37 anos. Para chegar lá, é necessário ter estômago forte para encarar os buracos do chão batido e a poeira que sobe da terra.  Na casa de alvenaria, doada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), as torneiras estão secas. Diariamente, B. acorda cedo e caminha, com um tonel sob a cabeça, cerca de 4 km até o córrego mais próximo. Nas águas do pequeno riacho, ele enche o tambor com quantidade suficiente para a família tomar banho e matar a sede durante o dia. O caminho é feito novamente durante a tarde quando ele precisa levar o gado e as ovelhas para tomar água no rio.

A família vive de esperança. Ele conta que promessas por parte do Incra foram feitas e o órgão há 2 anos instalou a tubulação para a passagem da água, mas, de lá pra cá, não apareceram mais. 

“A gente perde muito tempo indo até o córrego, tem assentados que não aguentaram e foram embora. É muito sofrimento. Viver na seca é a pior coisa para o ser humano.”

A falta desse elemento fundamental à vida reflete também na economia familiar. Com a falta de água, o pasto fica seco, os animais não se alimentam, emagrecem e perdem o valor. Além disto, as vacas não produzem leite o suficiente para a fabricação de queijo e requeijão. Com o valor abaixo do mercado e a ausência da venda dos derivados do leite, a renda do produtor cai e afeta diretamente no sustento da família.

Quem possui um pouco mais de condições financeiras paga, do próprio bolso, mão de obra para instalar um poço semi-artesiano no quintal do lote. Isto é, quando existe água no subsolo. A.G., de 46 anos, cavou duas vezes até achar o ponto certo. Ele conta que não encontrou alguém que fizesse o serviço e, cansado de viver na seca, cavou sozinho os buracos.

“Eu não tinha experiência neste tipo de serviço, mas como não achei ninguém disponível para fazer, fui lá e fiz. Não temos o auxílio de ninguém, ninguém passa por aqui e pergunta se estamos bem, se estamos precisando de alguma coisa.”

Os moradores ainda têm dificuldade quando o assunto é Saúde pública. B. relatou que uma vez ficou doente e foi até o posto de saúde da comunidade, mas encontrou apenas o guarda cuidando do local. Ele precisou se locomover até o Centro para se consultar e comprar remédios, que deveriam ser fornecidos gratuitamente na Unidade de Saúde Pública.

“Se não tiver como ir até o Centro, morre. Morre e ninguém vê porque aqui também não pega sinal de celular.”

A reportagem se dirigiu até a unidade denunciada pelos assentados e, às 16h, encontrou portas e janelas trancadas enquanto a lâmpada do lado externo ficava acesa.

Mesmo cravando uma luta diária para ter o mínimo de condições de sobrevivência, o povo sofrido do Assentamento Indaiá 2 ainda preserva a gratidão e reconhece o que lhe foi dado.

“Pelo menos ganhamos a terra e a casa do Incra, podia ser pior. Podíamos continuar sem ter nada”.

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