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'Ele ficou no Ninho para o aniversário do amigo', diz familiar em velório de goleiro do Flamengo

Apesar de ter recebido folga dos treinos no fim da semana, o jovem optou por passar a noite no local com os amigos

10 fevereiro 2019 - 11h48Por Extra

Parentes e amigos de Christian Esmério, de 15 anos, uma das dez vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, se reúnem desde as 10h deste domingo para o velório do goleiro do Flamengo, no Cemitério de Irajá, Zona Norte do Rio. Cerca de 400 pessoas se despedem de Christian, que será sepultado por volta do meio-dia.

Os familiares usam uma camisa com a foto do jovem atleta acompanhada da frase "saudades eternas, meu branco", como Christian era carinhosamente chamado. Por conta do calor na manhã deste domingo, e também pela consternação causada pela tragédia, algumas pessoas passaram mal e precisaram sair da capela onde o corpo é velado.

A família de Christian mora em Madureira, Zona Oeste do Rio. Apesar de ter recebido folga dos treinos no fim da semana, o jovem optou por passar a noite de quinta para sexta no alojamento do Ninho do Urubu, junto a colegas de outros estados que viviam no local. Alan Silva, tio de Christian, disse que a decisão do jovem passou pelo aniversário de Arthur Vinícius,outra vítima do incêndio , que seria no sábado.

"Ele ficou no Ninho para o aniversário do rapaz de Volta Redonda, que era muito amigo do Christian e ficava muito sozinho aqui no Rio. Aí os meninos decidiram fazer uma surpresa para ele. Por isso que ele dormiu lá, se não fosse isso a gente buscava", disse Alan.

Thiego Santos, amigo da família, mostrava no pescoço uma das várias medalhas de Christian, trazidas por parentes para o velório.

"O Christian era um moleque super extrovertido, e o Flamengo era como se fosse a casa dele. Ele morreu fazendo o que mais gostava, o que deixava ele feliz", disse Thiego.

Abalados, os pais de Christian, Andréa e Cristiano Esmério, disseram não ter condições de falar com os jornalistas. O caixão do jovem atleta é coberto por uma bandeira do Flamengo e também um troféu conquistado pelo goleiro.

Funcionários e jovens atletas do Madureira, clube onde Christian deu seus primeiros passos no futebol, compareceram ao velório. O Flamengo enviou uma coroa de flores em nome dos funcionários e do clube, mas nenhum dirigente havia comparecido e se identificado no local até as 11h30m.

Alan Silva, o tio do jogador, e Thiego Santos, amigo da família, evitaram culpar o Flamengo pela tragédia. Manoel Carlos Sotello, o Carlão, roupeiro do futsal do Madureira, descreveu o incêndio como uma "fatalidade".

"A estrutura do Flamengo, tratando-se de futebol de base, é de primeiro mundo. Podia ser que faltasse alguma coisa, mas era bom. Creio que não foi por mal, nem por erro de ninguém. Foi uma fatalidade", afirmou.

Carlão segurava o choro ao comentar a trajetória de Christian, que já tinha recebido convocações para a seleção brasileira sub-15 e sub-17. Christian assinaria seu primeiro contrato profissional com o Flamengo em março, quando completaria 16 anos, e já tinha recebido sondagens de clubes do exterior, segundo familiares.

"Eu falei com o Christian no fim do ano e ele me agradeceu pelos esporros que eu dava no Madureira. A gente sabia que ele ia chegar lá, que ele tinha muito potencial", lamentou Carlão.