Desenho de uma vagina na fachada de uma sex shop em Dourados repercutiu não só entre clientes e populares, mas teria virou caso de polícia.
Conforme informações do site Dourados Agora, as donas da loja, as empresárias Tais Lima e Ana Paula Salem, relataram que a polícia entrou em contato e esteve no estabelecimento orientando sobre uma possível instauração de um procedimento por parte do Ministério Público, que poderia ser na esfera cível ou até mesmo criminal.
Elas contam que foram orientadas a apagar a pintura.
“Não esperávamos por isso. Tivemos muito cuidado ao colocar um desenho didático e ficamos mais surpresas ainda quando fomos informadas que o BO seria enquadrado na área criminal como 'ato obsceno'".
Ainda ao site, elas disseram que cansaram de ver mulheres seminuas. As empresárias contrataram a artista Gislene Brandão para fazer o trabalho visual da loja. "O grafite é o mais legal, porque você faz na rua. A sua arte interage muito mais com as pessoas. Para mim, foi uma surpresa. Mas, agora existe ditadura no país, novamente?", questiona.
"Eu não sabia que uma obra de arte, um grafite e uma forma de o artista se expressar tinha censura agora no Brasil. Na verdade, minha obra não foi para isso, para ser censurada. Foi uma forma de colocar naquela imagem o empoderamento feminino. Uma forma de mostrar sobre o tabu da sexualidade feminina, que a mulher não pode isso, não pode aquilo, mas a mulher pode estar nas bancas de revista, nuas e pode ter sexo explícito nas revistas", argumenta a artista.
"Tiram a arte de contexto, simplificam ela e tomam um distanciamento reflexivo para não promover um entendimento e reflexão do que realmente a obra quer representar, para que assim ela seja marginalizada, por ir contra o pensamento padrão deles. Quem defende esse tipo de censura não entende o papel da arte e do artista na história", conclui Brandão.
Apesar do caso poder ir adiante, as donas da loja disseram que não vão apagar o grafite. No início, elas cogitaram cobrir a imagem, que possui rosas e mostra uma vulva com bíceps demonstrando força, dizendo "o prazer é todo ‘eu’".
A Polícia Civil de Dourados que não quis comentar o caso.