Cidades

29/11/2018 08:21

Capataz de preso na Lama Asfáltica ganhava 'milão' por mês, mas cobrou dívida de R$ 109 mil

Quem o defendeu na Justiça contra um pecuarista 'caloteiro', foi Carolina Baird

29/11/2018 às 08:21 | Atualizado 29/11/2018 às 08:21 Thiago de Souza
João Baird e Romilton foram presos na Lama Asfáltica - André de Abreu

As inconsistências financeiras na vida de Romilton Rodrigues de Oliveira, capataz da fazenda de João Baird, preso na Lama Asfáltica nessa terça-feira (27), não eram segredo para ninguém. O peão, também preso por ser ''laranja'' do empresário, tinha salário de pouco mais de mil reais, no entanto cobrava na justiça dívida de R$ 109 mil.

Conforme o processo, aberto para consulta na Vara Cível de Costa Rica, comarca onde fica a fazenda Macaúba, de propriedade de João Baird, o capataz Romilton cobrava dívida de R$ 109 mil, fruto de notas promissórias de R$ 25 mil cada, vencidas em 3 de setembro de 2016.  

A advogada Carolina da Silva Baird, 'o ajudou cobrando o devedor. No processo, ela faz constar que todas as formas amigáveis de receber o dinheiro foram esgotadas, não restando outro caminho se não a cobrança judicial.

No pedido à Justiça, Carolina pede que até o gado registrado em nome do devedor na Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal, Iagro, seja apreendido para garantir o pagamento dos valores. Também solicitou que valores disponíveis em contas em nome do devedor fossem bloqueadas a fim de quitar o débito, que não teve a natureza divulgada.

Após a intimação do juiz de direito em Costa Rica, Marcus Abreu de Magalhães, a dívida foi paga e o processo extinto a pedido do autor.

''Rico pobre''

Romilton foi um dos investigados na 6ª fase da Lava-Jato, chamada de Computadores de Lama, deflagrada nessa quinta-feira (27). A Polícia Federal e órgãos de controle apontam que o capataz era na verdade ''laranja'', nas negociações expúrias de João Baird. No nome do peão havia imóveis rurais e milhões de reais em contas bancárias de agências paraguaias.   

As prisões e mandados de busca e apreensão foram autorizados pela 3ª Vara da Justiça Federal. Foram presos o empresário João Baird, dono da Itel Informática, o ex-secretário adjunto de Fazenda na gestão André Puccinelli, André Cance, Romilton Rodrigues Oliveira, funcionário de Baird e Antônio Celso Cortez, também empresário.

As investigações, que começaram em 2015, apontam que o grupo criminoso, chefiado por André Puccinelli, que governou o estado por dois mandatos, 2007 a 2014, direcionava licitações de obras públicas para empreiteiras ''amigas'' e recebia propina por isso.

Para ocultar os bens, frutos de ação criminosa, o dinheiro era colocado em nome de laranjas ou enviados para contas no exterior. Segundo a PF, o total de dinheiro desviado dos cofres públicos chega a R$ 432 milhões.