Política

05/09/2019 19:00

Professores de MS criticam projeto que planeja revogar Novo Acordo Ortográfico

Se o decreto de 2009 for alterado, a linguagem e o ensino poderão voltar ao que eram antes

05/09/2019 às 19:00 | Atualizado 05/09/2019 às 14:05 Rayani Santa Cruz
Deivid Correia/Arquivo

Professores campo-grandenses são contra a revogação do decreto do Novo Acordo Ortográfico, que está em vigor no Brasil há 10 anos. A discussão voltou à tona após comentários do presidente Jair Bolsonaro (PSL), e pedido de audiência pública do deputado Dr. Jaziel (PL-CE).

Contra a revogação, a professora Maria Fernanda, da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), diz que não se trata apenas de uma reforma ortográfica e sim de um acordo entre países de Língua Portuguesa, e que há anos jovens, adolescentes e crianças foram alfabetizados com essa ortografia. 

“Também por entender que, para o Brasil, a mudança foi mínima, não chegou a 5% do nossa escrita (grafia). Outra questão é que a mudança foi na escrita, não afeta nossa maneira de falar (oralizar)", destaca. 

Para a professora, o Acordo Ortográfico já está consolidado e em pleno uso. “Acredito que tenham questões mais urgentes e necessárias para serem tratadas por uma Comissão tão importante à educação brasileira”, argumentou. 

O deputado estadual Pedro Kemp (PT), presidente da Comissão da Educação da Assembleia Legislativa de MS, concorda com a professora e diz que, no momento, o país tem outras prioridades para discutir. O parlamentar é totalmente contrário à revogação do decreto. 

Pedro Kemp atua na comissão de educação da ALMS - Foto: André de Abreu

“Primeiro porque houve um esforço por parte dos países que falam português de uma unificação. Está há pouco tempo em vigor e houve uma mudança de livros didáticos. Fazer uma mudança como essa seria um transtorno muito grande para a língua portuguesa”, diz. 

A professora de Português, Suzy Ranielly, afirmou que a opinião particular é diferente da visão como profissional. “Ao meu ver, o novo acordo não teria necessidade. Eles vendem a ideia de que é para se igualar a questões diplomáticas e documentos; então significa que, na proposta de ensino e aprendizagem, ele [o acordo] não tem um grau de tanta importância”, diz. 

No entanto, a pedagoga explicou que no quesito ensino-educação, o tema é mais complexo, devido à mudança de livros da rede pública, que acontece a cada três anos, e a alfabetização das crianças. Para ela, no contexto geral, não há necessidade de mudar. 

“Num contexto pedagógico, eu concordo com a Rose Modesto [deputada] de que não se mexa porque já tivemos Enem, concursos públicos cobrando isso [a nova ortografia]. Estamos ensinando há dez anos, se chegar a isso [revogação] será para desaprender”, explicou.

Aparentemente, a audiência ocorrida na terça-feira (3) não foi muito bem recebida, já que não houve a participação de representante do Ministério da Educação e nem da Academia Brasileira de Letras.