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As denúncias contra Picarelli: cheques para preso e agiota morto e 'ingressos de circo' da Lama

Num dos casos, suposto agiota que tinha cheque de R$ 50 mil do deputado, foi morto e queimado

20 abril 2018 - 07h00Por Celso Bejarano

Cheques sem fundos emitidos pelo deputado estadual Maurício Picarelli, do PSDB, nos dois últimos anos supera a casa dos R$ 2 milhões, conforme processos que correm em varas judiciais de Campo Grande.

Além disso, segundo escutas telefônicas da Polícia Federal, o parlamentar captou dinheiro por meio de esquema de desvio de dinheiro envolvendo empreiteiras e o governo estadual. Picarelli ocupa o oitavo mandato de deputado estadual. Ele está desde 1987 na política.

Conforme reportagem publicada ontem, quinta-feira (18), pelo TopMidiaNews,  Celso Eder Gonzaga de Araújo, que se diz empresário, preso de novembro para cá por suposta participação num esquema de estelionato que teria feito 25 mil vítimas, o parlamentar aparece numa outra encrenca pelo mesma prática: emissão de cheque sem fundos.

A Celso, segundo o processo de número 0809168-53.2018.8.12.0001, da 16ª Vara Cível de Campo Grande, Picarelli emitiu quatro cheques quem somaram R$ 1.585.390,06. A quantia teria sido emprestado ao parlamentar.

Como os cheques não tinham fundo, Celso moveu uma ação monitória e cobra agora 1.664.659,56 do deputado.

Na mesma Vara, a 16ª corre contra Picarelli uma ação movida pelo empresário Wanderley Luiz Sebben.

Na petição do advogado Jayme Nunes da Cunha, defensor do empresário, é referido que o parlamentar emitiu um cheque do banco Santander, agência 4518, conta 01 00430-4, no valor de R$ 300 mil e entregue a Sebben.

Ocorre que não tinha fundo e, embora, cobranças insistentes tenham sido feitas, o deputado não quitou a conta. Agora, o caso foi parar na Justiça e a dívida subiu para R$ 303 mil.

MORTE

Outro caso que envolve cheques e no nome do deputado tornou-se público em julho do ano passado.

O engenheiro agrônomo Sebastião Mauro Fenerich, então com 69 anos de idade, foi morto e seu corpo queimado dentro do carro, em Campo Grande.

A polícia suspeita que Fenerich seria agiota devido ao grande número de cheques achado dentro da casa do engenheiro agrônonomo.

Um dos cheques, no valor de R$ 50 mil, é do deputado Maurício Picarelli.

À época, o parlamentar emitiu um comunicado à imprensa confidenciando que, de fato, o cheque achado na casa do suposto agiota, assassinado, era seu.

"O Senhor Sebastião Mauro Fenerich é pessoa que trabalhava para o ex-deputado Jerson Domingos, como já noticiado e, conhecido por todos na Assembléia Legislativa deste Estado;

Realizei negócio particular com o mesmo e possuo os documentos que serão apresentados à Justiça, caso requerido;

O cheque em poder do Senhor Sebastião Mauro Fenerich por minha pessoa foi emitido em 2014, encontrava-se vencido tendo sido, portanto, substituído por título de crédito executivo extrajudicial", informou a nota do deputado que fora distribuída à imprensa.

LAMA ASFÁLTICA

O nome do deputado Picarelli aparece também na Lama Asfáltica, operação da Polícia Federal deflagrada em julho de 2015.

Investigadores da PF desmantelaram um esquema de superfaturamento de obras e fraudes em licitação. A empresa Proteco, do empreiteiro João Amorim, era quem comandava a trama.

No diálogo captado em grampos telefônicos autorizados pela 5ª Vara Federal, de Campo Grande, a secretária e sócia de Amorim conversa com uma mulher que se identifica como assessora de gabinete de Picarelli.

De acordo com as investigações da PF, propinas eram ofertadas pelo empreiteira que chamava determinados políticos e empresários da cidade em seu escritório. No diálogo, era comum ouvir dos implicados no caso palavreados como "preciso de entregar um documento", "uma coisinha", "um pacote", "ingresso de circo" ou, um simples "vem tomar café comigo".

Na conversa que envolve Picarelli, Elza Cristina, então sócia e secretária de João Amorim, o empreiteiro dono da Proteco, conversa por telefone com o parlamentar.

Ela diz ter ligado em nome de "Doutor Nelson" e os dois combinam um encontro. Contudo, o deputado manda em seu lugar a chefe de gabinete, Márcia Regina.

Elza e Márcia, em carros diferentes, acertam em se encontramem no estacionamento da Unimed, região do Jardim dos Estados.

Assim que se viram Elza desce do carro e entrega a Márcia um pacote que teria dinheiro. Márcia pergunta se "aquilo" seria o "ingresso do circo".

Trecho desse diálogo consta no inquérito produzido pela Polícia Federal.