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há 1 mês

Em áudio, Vanessa relatou descaso antes de morrer: 'tô decepcionada' (vídeo)

Horas antes de morrer, ela enviou uma série de áudios para uma amiga, relatando o medo, cansaço físico, emocional e decepção com atendimento na Deam

Horas antes de ser assassinada, jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, morta esfaqueada pelo ex-noivo Caio Nascimento, enviou uma série de áudios para uma amiga relatando o medo que sentia, o cansaço físico e emocional e a decepção com o atendimento que recebeu ao buscar ajuda. Mesmo depois de procurar a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e solicitar uma medida protetiva contra o agressor, ela não conseguiu proteção efetiva e voltou para casa, onde acabou atacada.

Nos áudios gravados na quarta-feira (12), horas antes do feminicídio, Vanessa relatava a dificuldade de sair da casa sem chamar atenção do ex-companheiro. “Eu vou pegar roupa, vou vestir a mesma roupa de ontem, porque ele tá dentro do quarto, eu tô com medo de acordar ele, e ele tem um sono levíssimo. Eu tinha entrado no outro quarto, mas não tinha roupa lá”, contou.

Ela também detalhou a exaustão após uma noite sem dormir direito, pois passou horas dentro do carro. “Vim escovar os dentes, depois eu me recomponho. Eu só preciso dormir um pouco, sabe? Porque eu dormi, não tava deitando no banco do carro, dormi sentada, cochilei. Eu acordava e ele dando busca no meu celular”, narrou.

Vanessa procurou a Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) na madrugada do dia em que foi assassinada, em busca de segurança e amparo, mas se sentiu ignorada. Em áudio, ela relata estar se sentido decepcionada e desamparada.

“Fui falar com a delegada, fui tentar explicar toda a situação, o jeito que ela me tratou também foi bem prolixo, sabe? Bem fria, seca. E ela toda hora me cortava”, contou nos áudios.

Ela questionou por que não teve acesso ao histórico do ex-noivo. “Falei assim, 'não, eu queria entender quem que é essa pessoa, ver o histórico dela'. Ela pegou e falou pra mim que não podia passar o histórico dele. Mas eu já sabia, porque ele mesmo tinha falado de agressões”.

A resposta que ouviu reforçou a sensação de impunidade. “Parece que tudo protege o cara, né? O agressor”, disse.

Vanessa também reclamou da burocracia. “Ainda não tem nem mandado, tem que ter um mandado, né, judicial. Hoje, por exemplo, não tem como ele assinar essa medida protetiva. E passou aqui o telefone da Oficial de Justiça, passou a senha do processo pra ficar consultando”.

Ela também questionou a falta de acolhimento. “Eu que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher vulnerável chegar lá toda vulnerável, sem ter uma rede de apoio nenhuma. Essas que são mortas, né? Essas que vão pra estatística do feminicídio”, afirmou.

A frustração veio acompanhada da culpa. “Tô me sentindo culpada, porque eu fui registrar o B.O. hoje de madrugada, ...Então, eu fazendo ou não fazendo o boletim de ocorrência, ele pode me agredir de qualquer maneira”, lamentou.

O feminicídio

No final da tarde de quarta-feira (12), Vanessa voltou para casa, no bairro São Francisco, em Campo Grande, acompanhada de um amigo para pegar seus pertences. O ex-noivo estava no local.

Durante uma conversa, ele a atacou a facadas. Vanessa foi socorrida e levada à Santa Casa em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ainda na noite daquele dia.

Minutos após o crime, Caio foi preso em flagrante pela polícia. Nesta sexta-feira (14), teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.

 

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