O Ministério Público Estadual juntou evidências de que o prefeito afastado Gilmar Olarte (PROS) tentou negociar o voto do vereador Roberto Durães (PSC) para que não aprovasse a comissão processante contra ele em agosto de 2015. Mensagens foram encontradas nos celulares apreendidos durante a Operação Coffee Break.

Na época, os vereadores Alex do PT, Luiza Ribeiro (PPS) e Thais Helena (PT) apresentaram requerimento para que fosse aberta comissão processante contra Gilmar Olarte pelos crimes de corrupção passiva, estelionato e lavagem de dinheiro. O segundo motivo foi o não cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois Olarte não teria prestado as devidas contas. A terceira questão se refere ao uso de um avião monomotor por Olarte.

Os três vereadores não poderiam votar por serem os autores do pedido e foram convocados os suplentes Aldo Donizete (PPS), Élbio Mendonça (PT) e Roberto Durães, que na época ainda estava no PT.

No celular de Gilmar Olarte, apreendido durante a Operação Coffee Break, foram encontradas mensagem de assessor avisando que Roberto Durães havia anunciado publicamente voto favorável pela criação da comissão processante. O Ministério Público, no relatório da investigação, aponta que foram identificados indícios de uma possível negociação de cargos em troca do voto de Durães para que a comissão não fosse aberta.  

A negociação foi intermediada pelo primo de Durães, Oswaldo Durães, empresário e próximo de Olarte. Indignado o prefeito afastado foi cobrar satisfação de Oswaldo sobre o voto de Roberto Durães. O primo comunica que se Durães votar contra a abertura da comissão será expulso do PT e que, por isso, precisaria assumir alguma secretaria depois. Olarte então desfere palavras de baixo calão e ameaças contra Durães. “Filho da P*t*. Ta f*d*do. Eu vou f*d*r ele”, disse Olarte, que depois solicitou para Oswaldo apagar as mensagens.

Durante a conversa, Oswaldo Durães lembra que a escolha do então suplente de vereador partiu de Nonato, dando a entender que Olarte já havia se encontrado antes com Roberto Durães para tratar do assunto. “O Roberto quer falar com o senhor amanhã. Meu prefeito, não tenho culpa. O próprio Nonato, na sua frente no restaurante, disse pro Durães seguir o voto do partido”, disse o primo.

Após o Tribunal Superior Eleitoral ter cassado o mandato da vereadora Thais Helena, Roberto Durães assumiu o cargo de vereador em 15 de dezembro. Durante o período da janela partidária, Durães saiu do PT e se filiou ao PSC.

Envolvido em outras polêmicas, Durães atualmente é alvo de processo na Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores por ter dito durante sessão que conhecia a mãe do prefeito Alcides Bernal “no silêncio dos edredons”.