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Política

Em pergunta de Nelsinho, Moro deixa a entender que 'instruía' procuradores da Lava Jato

Ministro é interrogado pela CCJ do Senado devido ao vazamento de diálogo de Moro enquanto juiz federal

19 junho 2019 - 15h20Por Celso Bejarano, de Brasília

Senador Nelsinho Trad (PSD-MS), no questionamento que fez ao ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), na tarde desta quarta-feira (19), na audiência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), arrancou do ex-juiz federal o que ele não tinha admitido nas sete horas de sessão que ocorre desde a manhã de hoje, no Senado. A de que conversava, enquanto magistrado, com procuradores da República que agiam na operação Lava Jato.

Moro é interrogado pelo colegiado chefiado pela senadora sul-mato-grossense Simone Tebet (MDB) por ter tido conversas vazadas e publicadas no site Intercept Brasil.

Nos diálogos, segundo o site, o ministro instruía e combinava estratégias na condução do processo tocado pelos procuradores da República que atuavam na força-tarefa da Lava Jato, investigação contra esquemas de corrupção que sentenciou ao menos 140 pessoas, Lula uma delas.

Por regra constitucional, juiz não poderia orientar envolvidos na investigação. Desde o início da audiência, o ministro contestou a gravação dos diálogos mostrados no site e disse ainda que as conversas poderiam ter sido modificadas.

Nelsinho, que teve parte do patrimônio bloqueado por ser investigado por suposta participação num esquema de fraude que ficou conhecido como "tapa-buraco",  perguntou ao juiz se durante as apurações da Lava Jato, período que o ministro era magistrado se havia “participado ou não de trocas de agentes que agiram na investigação”, em seguida o senador questionou ainda se “houve exatamente isso? [Diálogos com procuradores]”

A resposta de Moro: primeiro atirou dúvidas acerca diálogos publicados, afirmou que não se recordara das conversas – dois ou três anos atrás – mas disse, por exemplo, que em “atos processuais” o magistrado pode dar dicas aos envolvidos no processo.

Ele argumentou que poderia fazer referência a um procurador que seria “ruim em audiência”. Depois, sem citar nomes, o ministro contou que o tal procurador ruim atua até hoje na Lava Jato.

Sérgio Moro seguiu na resposta: afirmou que um juiz pode recomendar numa audiência judicial, com conselhos do tipo, “faça isso ou assado”. Ele acrescentou que o magistrado pode, sim, corrigir o modo de atuação, postura, no caso, de um procurador, por exemplo, numa audiência.

O ministro afirmou depois que “não há nada de ilícito nisso”.

“O que há é o sensacionalismo do site [que publicou o vazamento]", completou o ex-magistrado.

Os diálogos vazados e publicados no Intercept foram mantidos, segundo o site, por meio do Instagram, até então tido como o mais seguro no campo cibernético.

Embora encurralado por quase todo o dia na CCJ do Senado, Sérgio Moro é o mais importante ministro da gestão do presidente Jair Bolsonaro que, publicamente, já o apoiou por duas ocasiões desde a primeira reportagem acerca do vazamento.