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Política

Reinaldo diz ser favorável a unificação de ministério e que PSDB deve se reciclar

Governador reeleito, em entrevista à Folha de S. Paulo, afirmou que vai priorizar regionalização da saúde

31 outubro 2018 - 16h06Por Celso Bejarano

Entrevistado pelo jornal Folha de S. Paulo, edição desta quarta-feira (31), o governador reeleito de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), disse que seu partido deve se reciclar e com urgência.

No diálogo, ele comentou ainda o projetos do presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), entre os quais o que prevê a unificação dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

“Sou favorável a isso. Já temos a regra, que é o código florestal. Agora, é seguir esta regra, mas com agilidade”, afirmou o governador ao jornal paulista.

Azambuja afirmou ainda ser contrário ao monitoramento de professores dentro das salas de aula, que é a favor da flexibilização do estatuto do desarmamento e também de suas prioridades no segundo mandato.

Veja os principais trechos da entrevista de Reinaldo Azambuja.

Folha de S. Paulo - O sr. disse no fim de semana que o PSDB precisava fazer um mea culpa diante de sua atual situação. Gostaria que o sr. começasse. Onde o PSDB errou?

Reinaldo Azambuja - Eu disse que não deveríamos entrar no governo Michel Temer porque era um governo novo com a cara velha, que não representava os nossos pensamentos. Fui voto vencido. Este foi um dos grandes erros. O partido precisa se reciclar, fazer um mea culpa, sentar, discutir. Qual a prioridade? O PSDB é um partido de reformas, qual vai ser nosso posicionamento nas reformas do Estado brasileiro? Como vamos nos manifestar? São questões importantes. E [é preciso] olhar o futuro, entender a voz das ruas, que deu um recado muito claro do que a população espera de todos nós.

Outro assunto que dialoga com MS por causa da quantidade de produtores rurais é a unificação dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Qual sua posição? 

Quando comecei o governo, uma das partes da reforma administrativa, foi unificar Meio Ambiente e Desenvolvimento. Melhorou muito, principalmente os avanços nos licenciamentos ambientais, preservando a legislação vigente. Aqui, o resultado foi positivo porque conseguimos conciliar preservação ambiental com desenvolvimento do estado. Sou favorável a isso. Já temos a regra, que é o código florestal. Agora, é seguir esta regra, mas com agilidade.

Na FPA (Frente Parlamentar do Agronegócio) não existe um consenso. O Ministério do Meio Ambiente tem outras atribuições ligadas a infraestrutura, esgoto, lixo, e alguns representantes do agronegócio não querem ficar com este elefante branco.

[Em MS] Essa parte está na Secretaria de Infraestrutura, mas o licenciamento ambiental está dentro da pasta de Desenvolvimento.

O sr. já se diz favorável a que propostas do governo Bolsonaro? 

Reforma administrativa, em primeiro lugar. Diminuir o tamanho do estado brasileiro. Reforma tributária, vamos sentar à mesa. Qual a proposta? Tem que mexer numa reforma mais completa, desburocratizar as questões tributárias, facilitar a vida do empreendedor e que não tire recursos dos estados. Discutir a Lei Kandir também é uma prioridade, principalmente para nós, estados exportadores. Segurança pública: quais as prioridades? Que tipo de parcerias quer fazer com os estados? As fronteiras do Brasil estão escancaradas há muito tempo. Precisamos de uma atenção nas fronteiras.

E da pauta mais à direita, como facilitação da posse de arma? Qual a sua posição? 

Hoje não é impedido de você ter armas registradas em casa. O estatuto do desarmamento permite que você tenha armas dentro de casa. Ele pode mudar a questão do porte, de você poder andar armado. Esta é uma pauta da direita que tem que ser discutida. O que precisa é o governo atentar à área de segurança. Isso que a população quer. Precisa mudar a questão penal no Brasil. A questão da maioridade, da legislação penal para a tipificação de certos tipos de crime. A polícia prende e o Judiciário solta. [É preciso] endurecer a legislação para a gente poder endurecer contra o crime organizado.

Em relação ao estatuto do desarmamento, o sr. é favorável a uma flexibilização? 

Sou favorável. Flexibilizar para o produtor poder ter um porte de arma com mais facilidade, eu sou a favor. Isso também é importante. Acabou o Brasil desarmando o cidadão de bem e o bandido continua armado, cometendo criminalidade. Precisamos ter uma legislação penal mais dura na questão de tipificação dos crimes e a manutenção do delinquente preso. E, na questão do desarmamento, acho que poder portar uma arma, uma pessoa que tenha bons antecedentes, não é problema no nosso país.

Em alguns estados, ao menos no PR e em PE, já vemos movimento da sociedade civil para que alunosregistrem aulas dos professores para se verificar doutrinação de esquerda. Como o sr. vê esta questão? 

A função do ensinamento é levar o bom aprendizado sem tendência nem para a extrema direita nem para a extrema esquerda. Isso não é função da escola nem dos professores. Tem que ter uma escola pública que trate de temas de aprendizado e não politizar a escola. Não precisamos politizar a sala de aula. Não precisa chegar a este extremismo [de filmar professores] porque você ficaria fazendo uma vigilância dentro da sala de aula. A gente tem que confiar nos nossos professores. O Brasil ficou muito politizado nos últimos anos, principalmente no setor educacional. Agora é ter um novo olhar para a educação pública brasileira.

Para um estado exportador como MS, quais devem ser as prioridades de negociação internacional? Paulo Guedes [futuro ministro da área econômica] disse que o Mercosul não é uma prioridade. O sr. concorda?

O Brasil tem que ter negociações com todas as regiões, inclusive com o Mercosul. Nós, aqui, abrimos frente de exportação muito forte com a Argentina. Tanto Argentina como Bolívia, países sul-americanos. O agronegócio tem dado respostas rápidas na economia. É preciso olhar os blocos e não restringir países. Oportunidades vão surgir.

O que o sr. pretende priorizar neste seu segundo mandato?

Temos um trabalho de regionalização da saúde. Outra questão importante é a nossa vigilância quanto à questão da segurança pública. MS evoluiu, melhorou os indicadores, mas temos a questão da fronteira, que está desguarnecida. Precisamos muito desta parceria com o governo federal nesta polícia de fronteira, nos investimentos para a gente fortalecer uma blindagem na área de fronteira com o Paraguai e com a Bolívia, que a maior quantidade de drogas e armas que adentram o Brasil passa por MS. Fazendo isso, a gente tem um resultado melhor na segurança.

RAIO X

Reinaldo Azambuja da Silva (PSDB), 55, é governador de Mato Grosso do Sul e foi reeleito para o cargo no domingo (28) com 52,35%, derrotando o Juiz Odilon (PDT), que obteve 47,65%. Já foi prefeito de Maracaju (1997 a 2000 e 2001 a 2004), deputado estadual (2007 a 2010) e deputado federal (2011 a 2014). Em 2012, disputou a prefeitura de Campo Grande, mas perdeu.