Em vistoria do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), técnicos da vigilância sanitária detectaram uma infestação de pombos no CRS (Centro Regional de Saúde) Aero Rancho, o que compromete a estrutura do posto de saúde e aumenta os riscos de contaminação dos pacientes, que procuram a unidade com a imunidade já fragilizada.
“As aves são observadas tanto na área externa como nos corredores internos, o que oferta incômodo e riscos sanitários devido à presença de considerável quantidade de excretas que escorrem pelas paredes e se acumulam nas estruturas metálicas e sob os aparelhos, motivo esse de constante reclamação dos usuários da unidade”, diz relatório.
Ao todo, foram verificadas 90 inconsistências sanitárias. Segundo a equipe, os pombos foram encontrados nas caixas de ar-condicionado do posto de saúde, nas estruturas metálicas do telhado, nas vigas, treliças, nas estruturas metálicas junto às luminárias, nos desvãos das paredes internas, pilares de concreto, e no vão aberto de acesso ao forro.
“Foi averiguado também que houve uma tentativa de instalação de telas em uma parte dessas estruturas, porém, não foram instaladas e fixadas adequadamente ainda ofertando vãos e fácil acesso para pouso das aves. Da mesma forma que não houve a manutenção das mesmas que se apresentam sujas de fezes e penas das aves, além de terem se desprendido permitindo que as aves pousem sobre as estruturas anteriormente vedadas”, aponta.
Conforme o CCZ, o CRS Aero Rancho foi o que apresentou maior concentração de animais e, consequente, acúmulo de fezes de pombos. “A limpeza dos locais sujos e infestados pelas aves é feito de forma rotineira, contudo pelo fato de haver a insistência das aves em permanecerem no local pelo fácil acesso às estruturas já citadas, tal não vem surtindo o efeito sanitário adequado”.
Na ocasião, os servidores do CCZ realizaram a captura de aves e filhotes que se encontravam nos ninhos nas estruturas metálicas e nos aparelhos e caixas de ar-condicionado. Foram retirados ovos e resíduos orgânicos dos ninhos. No entanto, como o órgão não é responsável pela manutenção e limpeza do local, foi solicitada a instalação de telas protetoras no posto.
Faltam médicos e remédios
A vistoria foi realizada em 10 de agosto de 2016, mas o problema ainda não foi sanado, dando origem a inquérito civil que será conduzido pela promotora Daniela Cristina Guiotti, da 32ª Promotoria de Justiça de Saúde Pública. De acordo com o diário oficial desta segunda-feira (26), ela também vai apurar “a falta/insuficiência de médicos, equipamentos, aparelhos e insumos” na unidade.
Servidores de enfermagem denunciaram a falta de insumos para realizar procedimentos de acesso venoso, com infusão de drogas e soluções; sondagens diversas; procedimentos médicos e de enfermagem de maior complexidade; administração de medicamentos e imunobiológicos de urgência, limpeza concorrente; e realização de curativos limpos e infectados, etc.
“Estamos trabalhando com estoque mínimo de vários materiais, falta de medicamentos, álcool 70 %, falta de roupas de cama e equipamentos que já estão com vida útil comprometida, devido a inúmeros reparos”, diz relatório encaminhado ao MPE (Ministério Público Estadual) e com a assinatura de diversos profissionais.
O que diz a prefeitura
Notificada da investigação, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que, conforme comprovado na escala médica de março, são disponibilizados o mínimo de dois e máximo de cinco médicos por escala de plantão e que são realizadas sucessivas licitações para a compra de medicamentos e insumos, com atrasos recorrentes devido a certames desertos e desistências de empresas.
Em relação à infestação de pombos, a Sesau informou que determinou a instalação de telas em alguns pontos do posto de saúde, mas a medida se demonstrou ineficaz, sendo que se compromete a realizar novos reparos para evitar que o problema persista, colocando em risco os pacientes que recebem atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).