Mato Grosso do Sul registrou 324 casos de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, entre 2007 e 2014, período anterior ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), que já liberou o uso de 211 novos defensivos desde que tomou posse, em 1° de janeiro.
As informações são de um mapeamento realizado pela geógrafa Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo), que foi apresentado na cidade de Berlim, na Alemanha, país que sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo.
Segundo a pesquisadora, neste período, o Ministério da Saúde teve cerca de 25 mil ocorrências de intoxicações por agrotóxicos. O Paraná foi o estado mais afetado, com mais de 3,7 mil casos de intoxicação. São Paulo e Minas Gerais ficaram na segunda colocação, com 2 mil.
As tentativas de suicídio representaram 40% do total dos casos de intoxicação no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. No Ceará, dos 1.086 casos notificados, 861 correspondiam a tentativas de suicídio, cerca de 79,2%. Não foi divulgada, no entanto, a proporção de casos de intoxicação deliberada em Mato Grosso do Sul.
Mapa da intoxicação - Fonte: Jornal da USP
Por outro lado, o Ministério da Saúde aponta que, em 2018, o Brasil bateu o recorde de agroquímicos com a liberação de mais 450 novos produtos. Em 2017, foram 405; no ano anterior, 277. Isso transforma o país no campeão mundial no uso de pesticidas na agricultura, alternando a posição, às vezes, apenas com os Estados Unidos.
Informativo publicado pela USP aponta que “o feijão, base da alimentação brasileira, tem um nível permitido de resíduo de malationa (inseticida) que é 400 vezes maior do que aquele permitido pela União Europeia; na água potável brasileira permite-se 5 mil vezes mais resíduo de glifosato (herbicida); na soja, 200 vezes mais resíduos de glifosato”.