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Campo Grande

há 3 meses

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Paciente interno de psiquiatria fica acamado e nenhum hospital quer aceitá-lo em Campo Grande

Clínica psiquiátrica negou retorno do paciente e hospital precisa liberar leito após alta médica

O paciente Maximiliano Mendes Echeverria, de 34 anos, enfrenta uma jornada na busca por atendimento hospitalar adequado. Institucionalizado há quase 10 anos no Hospital Psiquiátrico Nosso Lar com uma doença mental grave, Maximiliano sofreu uma queda e precisou de cuidados médicos no Hospital do Pênfigo, porém, após receber alta, a clínica psiquiátrica recusa a recebê-lo novamente.

Conforme a mãe Eliza Helena Cebalho Mendes, moradora da Vila Taveiropólis, em Campo Grande, tudo começou em fevereiro de 2022, quando Maximiliano sofreu uma lesão dentro do Hospital Nosso Lar, levando-o a passar por uma cirurgia devido a um traumatismo craniano. As sequelas do trauma o impediram caminhar, tornando necessária a solicitação de vaga no Sistema de Regulação de Vagas da Prefeitura para retorno ao Hospital Nosso Lar, sua residência institucional há quase uma década.

Em outubro de 2023, Maximiliano foi encaminhado para o Hospital Adventista do Pênfigo, onde foi diagnosticado com pneumonia e insuficiência respiratória, sendo intubado em novembro. Apesar da melhora clínica e da alta médica, Maximiliano permaneceu totalmente dependente devido às sequelas do traumatismo cranioencefálico ocorrido há quase dois anos no Hospital Nosso Lar.

A solicitação de vaga para retornar à instituição foi mais uma vez acionada através do Sistema de Regulação de Vagas. Contudo, segundo Eliza, a médica responsável pelo acompanhamento no Hospital Nosso Lar negou a vaga de retorno desta vez.

A justificativa apresentada foi a necessidade de cuidados paliativos, que não são fornecidos em hospital psiquiátrico. A médica sugeriu o encaminhamento de Maximiliano ao Hospital São Julião, alegando falta de suporte para manter o paciente em virtude da nova condição, de acamado, conforme a mãe.

Por sua vez, o Hospital do Pênfigo solicitou que o paciente desocupasse o leito hospitalar, pois já havia recebido alta médica. Sem estrutura física e financeiras para arcar com os cuidados médicos, Eliza entrou com uma ação na Justiça solicitando a transferência imediata de Maximiliano para o Hospital Psiquiátrico Nosso Lar.

O pedido foi aceito pela Justiça, mas ainda não foi cumprido. Por fim, segundo ela, o Hospital do Pênfigo alegou que o paciente precisa deixar a unidade, pois não há amparo legal para ele permanecer ocupando o leito do local.

"Passaram a semana falando que ele precisa sair de qualquer jeito, pois não foram comunicados pelo juiz. Estou desesperada, pois um motorista de ambulância me ligou avisando que iriam nos buscar e levar para onde quiséssemos", relata Eliza.

Segundo a mãe, Maximiliano está com sonda alimentar e teve que pedir na Justiça para fazerem fisioterapia nele, pois estava ficando todo atrofiado e o hospital Nosso Lar não fez os trâmites, mesmo com indicação médica. Ela afirma também que foi aberto um inquérito para apurar a queda, pois há indícios de violência.

Eliza diz não possuir condições financeiras para arcar com os custos de uma internação. Além do filho, ela também cuida da mãe, que está acamada há anos e tem Alzheimer.

Na luta para impedir a expulsão, Eliza busca agora o cumprimento da sentença e pede pela permanência no Hospital do Pênfigo até a prefeitura realizar a transferência.

A reportagem procurou a prefeitura e questionou sobre a possibilidade de vaga para Maximiliano. Em resposta, a Prefeitura de Campo Grande informou que para internação psiquiátrica é necessário que o paciente tenha uma indicação clínica, contudo, conforme o laudo do próprio Hospital Nosso Lar, este não é o quadro, uma vez que não há perspectiva de evolução clínica, sendo assim necessários cuidados paliativos que devem ser feitos em domicílio.

A Prefeitura reforçou ainda que, conforme a Lei n.º 10.216, de 2001, o tempo de internação de um paciente psiquiátrico não deve ultrapassar os 30 dias corridos, sendo este reintegrado à sociedade e, somente em caso de necessidade, haverá uma nova internação. No entanto, não respondeu sobre o cumprimento de sentença realizada pela Justiça, que entendeu como necessária a reinternação.

O Hospital Adventista do Pênfigo e o Hospital Psiquiátrico Nosso Lar também foram procurados pela reportagem. Em nota, o Hospital do Pênfigo informou que recebeu o paciente no dia 27 de outubro para tratamento de uma pneumonia, evoluindo para alta no dia 9 de novembro, segundo orientação médica.

Após tratamento, a instituição informou à Sesau (Secretaria de Saúde) e, desde então, busca a transferência para uma unidade hospitalar psiquiátrica, conforme solicitado pela família, uma vez que a sua demanda clínica já foi tratada e sua permanência em ambiente hospitalar o expõe ao risco de contrair infecções.

O hospital esclarece ainda que Maximiliano é atendido via SUS (Sistema Único de Saúde) e que seguem dando todo suporte ao paciente e a família.

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