A exemplo de outros países da América Latina, diretora do UNAIDS no Brasil defendeu, em congresso em João Pessoa, a criação de Índice de Estigma sobre HIV/Aids, um instrumento importante para a construção de políticas públicas.
O estigma e a discriminação são desafios que – mesmo após 30 anos de resposta à epidemia de AIDS – ainda precisam ser vencidos se quisermos chegar a uma resposta efetiva ao HIV e acabar com os níveis epidêmicos da AIDS até 2030.
Esta foi uma das principais conclusões do painel de especialistas sobre o tema, realizado durante o 10º Congresso de HIV/Aids, em João Pessoa (PB), que terminou na sexta-feira (20).
A diretora do Centro de Referência e Treinamento de DST/Aids da cidade de São Paulo, falou sobre a necessidade de promoção de direitos e respostas intersetoriais, os avanços no combate à homolesbotransfobia em São Paulo – entre eles a aprovação do uso do nome social no sistema público de saúde – e destacou como estas ações abrem o caminho para o alcance das metas de 90-90-90 do UNAIDS de tratamento.
Esta estratégia prevê que, até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; 90% destas pessoas estejam em tratamento; e que 90% delas tenham a carga viral indetectável.
Outra debatedora neste encontro foi Rafaelly Weist, Presidente do Transgrupo Marcela Prado e uma das participantes do Curso de #JovensLideranças, feito em parceria pelo UNAIDS, UNICEF, UNESCO e o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais (DDAHV) do Ministério da Saúde.
Em sua apresentação, Rafaelly falou sobre a importância da desconstrução de preconceitos, começando por mudar o entendimento e uso de palavras e expressões que, segundo ela, precisam ganhar novos significados.
A diretora do UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, ressaltou a importância da construção de um índice capaz de medir a percepção de estigma e discriminação no Brasil, a exemplo do que já existe para muitos países na América Latina.
“Precisamos começar a mensurar, de alguma forma, os atos relacionados ao estigma e à discriminação em relação ao HIV”, disse Georgiana.
“O Índice de Estigma sobre HIV/Aids é um instrumento importante para a construção de políticas públicas nesta área, já que nos mostra muitos dos principais obstáculos a superar e nos indica também os caminhos possíveis para isso.”
O esforço do governo brasileiro para responder à epidemia de Aids foi apresentado por Lis Pasini, da Coordenação de Prevenção e Articulação Social do DDAHV.
Ela exemplificou as estratégias utilizadas junto às populações-chave, como profissionais do sexo, pessoas trans e travestis, e homens que fazem sexo com homens para combater os obstáculos impostos pelo estigma e pela discriminação em relação ao HIV.