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Sob pressão, Ceni dá razão à torcida: 'Também me xingo'

Treinador diz compreender críticas dos torcedores após empate em 1 a 1 com o Fluminense

26 junho 2017 - 09h28Por Globo Esporte

O técnico Rogério Ceni se mostrou solidário aos torcedores do São Paulo depois do empate em 1 a 1 com o Fluminense, neste domingo, no Morumbi. Irritada, a torcida vaiou o time durante a partida. Depois do jogo, parte dela protestou na porta do estádio e chamou os jogadores de "pipoqueiros", devido à sequência de maus resultados do Tricolor – a equipe não vence há cinco jogos no Campeonato Brasileiro e terminará a 10ª rodada na 16ª posição, a primeira fora da zona de rebaixamento.

– Como torcedor, também estou me xingando por dentro, também sinto isso. Mas vou trabalhar todos os dias e não vou me entregar – disse o ex-goleiro, que começa a sentir a pressão pelo desempenho ruim do São Paulo na temporada: além da situação delicada no Brasileirão, o time foi eliminado de três competições: Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Sul-Americana.

No Morumbi, foi o segundo tropeço consecutivo. Além do empate com o Fluminense, o time de Ceni havia perdido para o Atlético-MG (2 a 1) no encontro anterior com seus fãs. Coincidentemente, foi em seu estádio que o Tricolor conquistou seu último resultado positivo - 2 a 0 sobre o Vitória, no dia 8 de junho.

– Torcedor paga ingresso para ver o time vencer. Futebol é muito impulsivo, imediatista. Sai frustrado do estádio. Talvez, amanhã, não pense isso. Mas é o principal patrimônio e temos de trazê-lo para o nosso lado. É natural que saia frustrado, são dois jogos sem vencer aqui – falou o treinador.

Questionado se vivia um de seus piores momentos em toda a trajetória pelo São Paulo, foi enfático na negativa. Em seguida, até se desculpou caso se alongasse demais na resposta, mas contou um relato de sua história pelo clube do Morumbi desde o início da carreira como jogador para justificar que já havia passado por perrengues bem piores.

– Eu tinha o sonho de jogar pelo São Paulo quando era jovem e realizei esse sonho em 1990. Tinha o sonho de ser campeão pelo São Paulo como atleta e fui. Várias vezes. Passei dificuldades morando embaixo das arquibancadas, coisas muito difíceis, e cresci como homem. Tinha o sonho de virar treinador do São Paulo e atingi. Assinei contrato de dois anos e sabia que teria dificuldades neste primeiro ano – disse Ceni.

Em seguida, ele comentou a respeito do planejamento que havia traçado quando decidiu aceitar o desafio de ser treinador do clube. Deixou transparecer que 2017 seria um ano para plantar. A colheita, de fato, ficaria para o ano que vem.

– Em janeiro, me explicaram as dificuldades financeiras e vem sendo um grande desafio. Vim apra fazer um primeiro ano com muita dificuldade, mas para melhorar a condição financeira, promovendo garotos. Tinha como objetivo o título paulista, que não veio, e, nos pontos corridos, esperava posição melhor. Mas tenho ainda muita confiança de que faremos um São Paulo com uma temporada próxima muito melhor. Espero estar aqui no ano que vem. Claro que a decisão não passa por mim, mas acredito muito que faremos um ano de 2018 como programei, sem deixar de lutar agora, porque 2018 depende de 2017.

Confira outros trechos da entrevista coletiva do treinador são-paulino:

Sobre a paciência da torcida com ele

– Se eu tivesse bola de cristal para falar isso... Mas o torcedor está ligado aos resultados. Ele pode até ver bons jogos, chances de gol, bom domínio de jogo, mas, se não vê resultado, não vê a figura de quem está no banco, vê resultado. O torcedor me vê como treinador e protesta. O torcedor e eu desvincularam minha imagem de goleiro, vocês (imprensa) que precisam desvincular. O que precisamos é apresentar placares superiores. É natural e aceitável que a pressão caia sobre mim e o torcedor xingue. Ele quer a vitória e eu quero mais do que qualquer um deles, trabalho para isso. Não é possível que isso não vai virar pelo que todos estão fazendo, uma hora as coisas terão de mudar. A responsabilidade é minha, mas não é possível que não vençamos.

Análise do empate com o Fluminense

– Foi um jogo bem parelho, com finalizações dos dois lados, mas Fluminense finalizou mais no gol. O Fluminense cresceu na metade do primeiro tempo, mas dominamos no segundo e não conseguimos criar chances claras. Mudamos o sistema para ter mais gente próxima do Pratto.

Sobre a sua vivência como técnico

– Tento motivá-lo todos os dias e, mais do que isso, treinando circunstâncias do jogo, montando a equipe de acordo com o adversário. Se tivesse acabado 1 a 0 ou tivéssemos vencido, talvez não me perguntariam sobre vivência. A gente trabalha, luta, desenvolve treinos cada vez melhores e os jogadores se empenham, mas o Fluminense também tem bons jogadores e não estamos aproveitando nossos momentos de superioridade para matar o jogo e ter tranquilidade. Estamos sempre no 1 a 0, contra ou a favor.

Ceni fala sobre sequência no Brasileiro

– Fico preocupado, mas eles (adversários) também se preocupam. Todos se preocupam neste campeonato, não há favoritos absolutos. É um campeonato muito equilibrado. Mas Flamengo e Santos são jogos difíceis e, depois, temos dois jogos em casa. Vamos trabalhar e treinar todos os dias. Como é difícil a gente vencer o Flamengo no Rio, também será difícil para eles nos vencerem no Rio.