Entre as tantas árvores responsáveis por proporcionar frescas sombras aos que querem tirar um minuto de sossego na Praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, é difícil imaginar que tenha alguma mais especial que as outras. É preciso olhar atento e curioso para perceber que uma delas carrega em si uma marca diferente. Formas excêntricas não são exclusividade de nenhuma árvore, mas o Jequitibá, plantado paralelo a rua 13 de Maio, leva, além da selvageria natural, um furo redondo quase perfeito bem no centro do seu tronco.
O diferencial tem atraído à atenção de quem já estava acostumado com os tradicionais monumentos do local. Afinal, o chafariz iluminado ao ritmo de música e o coreto cercado por belas formas em metal, não são fruto de um processo natural. A suspeita é que o furo no Jequitibá possa até ter sofrido interferência humana, mas a forma como resistiu a possível intervenção cirúrgica impressiona quem por ali passa.
(Foto: Deivid Correia)
Há 12 anos trabalhando como ambulante no local, Elza Almorone, 53 anos, tenta puxar na memória o trajeto até chegar ao que a árvore se tornou hoje. "Aquela árvore teve uma parte que caiu. Então eles a serraram, mas acabou brotando novamente e acredito que daí surgiu o furo", explica. Conforme a ambulante, a árvore é antiga e o furo já tem cerca de seis anos, mas só atualmente tem ganhado status de cartão-postal, já que turistas e famílias costumam tirar divertidas fotos no local com a cabeça emoldurada pelo tronco da árvore.
Crianças são as que mais se divertem com a furo. (Foto: Deivid Correia)
As servidoras públicas Joziane Martins, 49 anos, e Cícera da Silva Dias, 61 anos, não excitaram em fazer uma foto na árvore. Conforme elas, o furo já havia sido notado displicentemente, mas ainda não tinham parado para apreciar. "Não é fácil entender como uma árvore de ramas tão verdinhas possa ter um tronco tão antigo e com essa peculiaridade", afirma Joziane.
(Foto: Deivid Correia)
A dona de casa Terezinha Cyliax, 53 anos, ficou a questionar, juntamente com a mãe e o neto, sobre o motivo que originou tal buraco. “Ficamos imaginando se seria algum cupim que atingiu a árvore e foi preciso retirar justamente aquela parte para que ela sobrevivesse”, afirma. O trio sempre costuma ir à praça pelo menos uma vez no mês e há tempos o fenômeno as intriga. O fato este deve ser o primeiro Jequitibá que não chamam tanto a atenção por sua imponência, mas por algo muito mais singular.
Servidoras fizeram questão do retrato. (Foto: Deivid Correia)
Jequitibá – Árvores de troncos grandes, tanto em comprimento quanto em perímetro a família das lecitidáceas. As duas espécies mais conhecidas de jequitibá são: Cariniana legalis, o jequitibá-rosa e Cariniana estrellensis, o jequitibá-branco ou somente jequitibá. Em língua tupi, significa "gigante da floresta", o que é compreensível, já que podem atingir até 60 metros de altura.
(Foto: Deivid Correia)
Praça Ary Coelho – Um dos locais mais tradicionais da cidade. Abrigou o primeiro cemitério de Campo Grande (na época, arraial de Santo Antônio), tornando-se praça em 1909 com o novo traçado da cidade. Em 1954 recebeu o nome de Praça Ary Coelho em homenagem ao Prefeito de Campo Grande Ary Coelho de Oliveira, assassinado em 1952, em Cuiabá-MT. A praça costuma abrigar shows musicais, além de apresentações de teatro e capoeira.
(Foto: Deivid Correia)