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24/01/2024 11:33

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Top Literário: personagem ultrapassa limite do cômico para o insuportável em 'Fiquei com seu número'

Personagem principal, Poppy é uma jovem insegura, de autoestima baixa e possivelmente uma mentirosa compulsiva

Queria te dar um presente, mas não sei como embrulhar: sessão de terapia. Em ‘Fiquei Com Seu Número’, de Sophie Kinsella, Poppy Wyatt está prestes a se casar com o homem perfeito e não podia estar mais feliz, até perder o anel de noivado, uma relíquia familiar, e entrar em uma confusão atrás da outra.

A história começa com uma social entre amigas, onde o anel é perdido durante um falso alarme de incêndio e Poppy tem o celular furtado. Por coincidência, ela encontra um aparelho no lixo e se apropria do contato para acionar as amigas e todos os funcionários do hotel onde a joia foi perdida.

O problema é que o celular corporativo pertencia à assistente de um executivo bem mal-humorado, Sam Roxton, que aceita compartilhar a agenda durante um período após ter um negócio fechado graças a uma gentileza de Poppy. Por sua vez, ela se compromete em encaminhar toda a correspondência pra ele.

Personagem desastrada e situação inusitada são premissas clichês, mas fofas da maioria das comédias românticas, até para garantir nossos sonhos felizes. Só que Sophie pesou a mão na construção de Poppy. É comum termos histórias que não se desenvolveriam por burradas, inseguranças e caráter das personagens, mas essa foi longe demais.

A narração de Lia Mello para o audiolivro também não colabora. A voz não ser das minhas favoritas não é o que posso considerar defeito, mas as imitações de vozes masculinas e outras mulheres que interagem com Poppy passam do ridículo para o irritante. Alô, produtoras, investir em mais narradores ou ao menos em uns efeitos de voz!

Primeiramente, Poppy poderia abrir o jogo que perdeu o anel para o noivo e já teríamos uns 20% do problema resolvido. Mas ela vai inventando mentira atrás de mentira para encobrir o incidente, o que é compreensível para a narrativa, mas nada além da falta de terapia justifica as inverdades que ela vai criando para se adaptar à vida do noivo.

Autoestima baixa ou insegurança quanto à própria beleza, ou capacidade intelectual é algo com que a maioria das pessoas pode se identificar. Poppy, no entanto, deixa de ser a carismática e apaixonada para se transformar apenas em uma chata, cansativa e repetitiva, além de uma baita sem noção. 

Na história, ela começa a ler todos os e-mails de Sam, a enviar palpites e até agir por conta própria em várias situações. Só que a garota não tem limites e se coloca quase como uma funcionária da empresa que merecia uma demissão por justa causa e acréscimo de processo judicial por falsidade ideológica.

Para a jovem que gostaria de ser como uma detetive dos livros de Agatha Christie, Poppy é bem devagar e só consegue resultados por inúmeras coincidências. Mais que isso, até esquece desse lado da própria personalidade quando realmente começa a tentar desvendar um mistério ao desenrolar da narrativa. 

Importante observar que não é cancelamento pelo comportamento tóxico da personagem principal, uma vez que não duvido da existência de pessoas assim, apenas uma crítica à construção da obra, que não tem nenhuma sutileza e o humor é bem precário. Enfim, não sei porque me torturei para ir até o fim nesta história em que todos os erros tinham consequências previsíveis para qualquer pessoa com mais de dois neurônios.


 

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