Moradores do bairro Celina Jallad, em Campo Grande, enfrentam uma situação insustentável com o sistema de saneamento básico. Nas ruas Alfredo Gaspar e Avenida Leão Zardo, residentes relatam uma realidade onde o mau cheiro e o esgoto a céu aberto são constantes.

A moradora Nair Fernandes, de 48 anos, descreveu a situação como insuportável e humilhante. Ela afirma que a rede de esgoto do bairro não comporta a quantidade de águas residuais que recebe e, toda vez que chove, o esgoto retorna, saindo por ralos e pela caixa de esgoto nas calçadas. Isto já acontece há mais de um ano.

Segundo ela, a calçada fica cheia de fezes humanas que são arrastadas pelo esgoto e depois ficam paradas na rua, contribuindo com a proliferação de mosquitos. Ela denuncia que a prefeitura realizou uma obra há alguns meses e todas as bocas de lobo foram retiradas. Sem ter para onde escoar, a água fica estagnada.

Quando chove a situação fica ainda pior. "Está podre de fedor e cocô humano. É toda vez que chove, em frente à minha casa. A Águas Guariroba vem, limpa o esgoto, mas não adianta. A água fica parada e vários vizinhos acabam doentes com dengue."

Os problemas não se limitam apenas às ruas, mas também invadem as residências, relata a moradora. "Entrava água dentro da minha casa, porque a água voltava e entrava tudo pelo ralo do banheiro. Aí eu briguei, falei que ia colocar na justiça e aí a Águas Guariroba veio e colocou uma válvula de retenção. Porém, o buraco que eles fizeram já tem quase um ano que tá aqui e não posso mexer. Meu marido pôs até tijolo para o povo não cair dentro do buraco porque é na calçada", explicou.

Na tentativa de resolver o problema, a concessionária instalou uma válvula de retenção no local, porém, a tentativa de resolver o problema, mostra ser insuficiente. A falta de solução adequada tem causado indignação entre os moradores.

"Eles fazem umas coisas assim que não dá para entender se aquilo é certo ou não, porque colocaram a válvula de retenção, só que assim, fica molhado. O buraco fica úmido. Como que vai fazer uma calçada por cima daquilo ali? Não tem como, né?", questiona a mulher.

Além dos transtornos diários, como o mau cheiro invadindo as residências e o risco de doenças, a situação também afeta quem tem comércio na avenida. "Na frente da minha casa tem uma barbearia e meu salão, que é de costura, né, então assim, é complicado, às vezes chega gente e não para porque vem para cortar o cabelo ou consertar uma roupa e vai embora porque o cheiro é podre", lamenta a moradora.

Entramos em contato com a prefeitura e com a Águas Guariroba. A prefeitura garante que 'a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) informa que não houve nenhuma retirada de bocas de lobo e bueiros no bairro Celina Jallad'. 

Já a Águas Guariroba informou que encaminhou uma equipe ao local para realizar a desobstrução da rede, na tarde do dia 12 deste mês, no entanto, não havia entupimento. "A concessionária esclarece que extravasamentos como os mostrados na reportagem são provocados por duas razões: descarte incorreto de lixo na rede de esgoto e ligações de águas pluviais feitas de forma irregular na rede de esgoto, sendo este o motivo para a recorrência no período de chuvas".

A concessionária reforça que a água das chuvas deve ser interligada diretamente ao sistema de drenagem das ruas, que por sua vez desemboca nos rios e córregos. É proibido fazer a ligação dessas águas na rede de esgoto. Quando a ligação da água da chuva é feita à rede de esgoto, ocorrem os extravasamentos. É importante que o usuário siga a legislação, que proíbe o despejo incorreto de água pluvial na rede de esgoto, evitando a sobrecarga na rede coletora e, consequentemente, evitando que a estrutura de tratamento de esgoto seja comprometida, provocando transtornos à população.

Outro alerta importante é com relação ao que não pode ser despejado na rede de esgoto. Absorvente, papel higiênico, cotonetes, plástico, todo tipo de resíduo sólido é proibido, porque entope as tubulações e também causa extravasamentos. Devido ao descarte irregular, são retiradas cerca de 75 toneladas de resíduos da rede de esgoto por mês. No entanto, mesmo com o trabalho de desobstrução e limpeza constante, 24h por dia, o descarte incorreto é recorrente, gerando entupimento da rede em diferentes pontos da cidade.

Em caso de obstrução na rede de esgoto, a concessionária se coloca à disposição pelo telefone 0800 642 0115.