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Campo Grande

12/12/2020 11:30

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Engenheiros desmistificam projeto de ‘asfalto americano’ para ruas de Campo Grande

Planejamento e drenagem antes da aplicação da malha asfáltica foram citadas como soluções simples ao problema de buracos em Campo Grande

Buraco no asfalto é um problema sério, que leva a soluços paliativas como o tapa-buraco. Em Campo Grande, na época de eleição, o vereador Vinícius Siqueira (PSL), que foi candidato a prefeito, levantou a questão e disse que a tecnologia do asfalto norte-americano Superpave seria a solução definitiva.

“Na nossa equipe tem um profissional habilitado para trazer essa tecnologia para Campo Grande e com o asfalto Superpave não precisaremos ter operações tapa-buraco, pois o asfalto será resistente. Com isso economizaríamos muito dinheiro que é gasto com tapa-buraco e investiríamos em outras áreas”, explicou na época em que destacou também que cada rua necessita de um tipo diferente de pavimentação e isso está ligado ao seu fluxo e peso dos veículos que por ali passam. 

A tecnologia Superpave, segundo o site Newroads, “permite a estimativa do desempenho de qualquer tipo de mistura asfáltica (virgem ou reciclada, graduação densa ou aberta, modificada ou não modificada por polímeros), tentando evitar a deformação permanente nas trilhas de rodas, as trincas por fadiga e as trincas por origem térmica (baixa temperaturas), além de quantificar os efeitos do envelhecimento, da susceptibilidade à umidade e da perda de adesão”.

O TopMídiaNews questionou o engenheiro Marcelo Bluma, que também foi candidato à prefeitura, sobre a eficácia e sobre a necessidade de se trazer a tecnologia para aplicação do asfalto na cidade. 

Bluma explicou que o veneno para qualquer tipo de asfalto é a água que corre em cima dele. Para ele, a cidade deve utilizar o material disponível para a confecção da massa e não recorrer à compra de materiais de fora, pois isso encareceria o serviço. 

“O asfalto depende do material que você tem na região. Todos os concretos, inclusive eles dependem disso porque, você trazer, encarece muito. Por exemplo, Corumbá, Nioaque e Bodoquena, quando fazem o calçamento com o bloco de pedra [paralelepípedo], ele sai barato, porque as regiões possuem rocha e o calcário em abundância. Na construção civil, no mundo, ocorre dessa forma: você pega o material que tem na região por ser mais barato, desenvolve  uma boa técnica para execução e utiliza. Vou dar outro exemplo: na Argentina, você tem ruas concretadas porque lá o material é barato. Em Campo Grande ocorre da mesma forma, temos a brita em abundância e pedreiras que extraem o material. A brita aflora na cidade”, explicou.

Soluções

Para o engenheiro, Campo Grande já fabrica um bom asfalto com a massa atual. E o que falta ser melhorado é o planejamento de drenagem e execução boa da aplicação antes da aplicação. 

“O grande problema para qualquer asfalto é a água porque não é impermeável e não pode ter corrente liquida na superfície. Nas pequenas frestas a água infiltra e vai soltando. Temos que fazer uma rede de drenagem boa que capte a água de chuva através das bocas de lobo e captação de água pluvial”, diz.

Ele salienta que a rede de drenagem e captação devem ser excelentes para a durabilidade do asfalto e também que as ruas asfaltadas devem ter um abalamento de forma que tenha uma curvatura para a água cair nas beiradas onde está o meio fio de concreto, entrando no bueiro. As ruas não devem ser pavimentadas de forma plana para que o líquido não fique empossado no meio do asfalto. 

“Não temos que inventar a roda em Campo Grande. A técnica é desenvolvida e aprovada. No ponto de vista da engenharia estamos tirando a água do meio do asfalto e colocando nas laterais. É preciso que a execução seja correta. Quando tem um asfalto plano a água vai empossar na pista e deteriora de forma violenta porque tem carros passando por cima, o que gera o buraco”.

Bluma explica que com todos os cuidados o asfalto dura no mínimo 20 anos sem grandes problemas. 

Corte no asfalto

Outro problema antigo era a questão do asfalto ser aplicado antes da ligação de água, esgoto ou tubulação de gás. E nisso havia o corte do asfalto. Com as chuvas existe a infiltração e deterioração. 

“Precisamos ter rede de drenagem dimensionada de forma correta e antes da aplicação do asfalto deve ser a aplicação da rede de agua e esgoto para não cortar e deixar o remendo”.

Asfalto antigo

O engenheiro destaca que a cidade necessita de um plano de recuperação para o asfalto antigo, identificando as correções,  planejando e fazendo a drenagem para depois o recapeamento. 

Asfalto ecológico

Para Bluma, o asfalto ecológico feito em Campo Grande também é econômico, pois o material está na cidade. Ele explicou que o concreto comum composto por cimento, pedra e areia foi desenvolvido pela engenharia para dar volume e economizar no cimento; o pó de cimento endurece a mistura, mas o preço é alto. “O asfalto também tem essa lógica, pois é um tipo de concreto, mas ao invés de usar o cimento nós usamos o piche [betume]. Nós usamos a areia, pedra e materiais da região que somam na composição”.

A favor da sustentabilidade, Bluma destaca que ‘não dá para importar soluções, sem base técnica’. “A grande questão que tem haver com sustentabilidade é planejamento e isso nós temos condições de fazer com esse material”.

O engenheiro civil, Álvaro Jesus concorda com a visão de Bluma em relação ao asfalto aplicado na Capital, e diz que tecnologias estrangeiras não seriam viáveis. “A pavimentação depende de muita drenagem e a água é uma inimiga da pavimentação. Para facilitar e melhorar o custo creio ser necessário utilizar o asfalto que tenha aqui. A minha visão é que sempre se use materiais da região, por conta da manutenção. Ficaria inviável trazer de fora equipamentos, materiais e técnicos para fazer essa manutenção”.

Conclusão

Para melhor durabilidade e resistência do asfalto o ideal é que se tenha rede de drenagem antes de fazer o asfalto; execução correta com curvatura da malha com queda de água nas laterais e planejamento para inserção de rede de água e esgoto antes para que ele não receba corte depois.

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