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Menina de 14 anos descobre doença que destrói o corpo e esbarra em burocracia e faltas para atendime

Mãe peregrinou pelos postos de saúde por encaminhamento; consulta foi marcada para maio

09 abril 2021 - 15h00Por Dany Nascimento

Com medo pelo futuro, a mãe Jennifer Sabrina Segundo, 38 anos, vai toda semana na UBS Astrogildo Carmona, na Vila Carlota, tentar uma vaga para a filha em um hospital da Campo Grande. A adolescente de 14 anos foi diagnosticada, no dia 1° de fevereiro, com Púrpura Trombocitopenica idiopática (doença autoimune caracterizada por níveis baixos de plaquetas, células sanguíneas que previnem o sangramento).

A suspeita veio quando a menina começou a apresentar manchas roxas pelo corpo. “Essa doença não tem muitos sintomas, minha filha teve hematomas pelo corpo, manchas roxas pelo corpo, indo para preto. Fomos ao posto de saúde da Vila Carlota e ela foi atendida. Ela fez um exame que acusou que as plaquetas estavam em 10 mil, sendo que o normal é 150 mil ou 400 mil. Quando ela chegou em casa, me ligaram do laboratório pedindo para ir até o local que eles já dariam o resultado, imaginei que era algo grave”, relembra a mãe. 

Ao chegar no local, Jennifer foi orientada a respeito da gravidade do caso. “O enfermeiro falou para ir urgente para UPA Tiradentes para encaminhar para hospital. Ele falou para meu esposo ir com calma, se batesse em buraco era perigoso, foi quando percebemos a gravidade. Chegando lá, ela ficou em observação, mas ninguém encostava nela, foi difícil para colher sangue porque poderia dar hemorragia. Fiquei dois dias e meio aguardando vaga na Santa Casa, não colocaram medicação, eles não tinham recurso para cuidar.  Ela foi para Santa Casa, a paramédica não me deixou ir na ambulância, e teve acidente no trajeto. Eles alegaram que eu não poderia ir por conta da covid-19. Minha filha foi, chegando lá, eles queriam acionar o Conselho Tutelar porque ela estava sozinha, mas ela avisou que não me deixaram ir. Está tudo muito bagunçado”, diz a mãe. 

A adolescente ficou cinco dias internada na Santa Casa. “Eles falaram que tem dez meses que eles não realizam mais atendimento desta especialidade. Me deram encaminhamento, fui na UBS Vila Carlota, disseram que agora está no sistema e tem que esperar. Eu vou toda semana lá perguntar, implorar, tenho medo do que pode acontecer com a minha filha. Eu já fui no Hospital Regional, no Hospital Universitário, conversei com médicos que estão lá, mas disseram que tem vaga, só que não mandam pacientes por conta da covid-19”, diz a mãe emocionada.

“Depois da internação na Santa Casa, as plaquetas desceram para 65 mil, deram remédio para isso, mas enquanto estamos em casa, eu tenho medo de acontecer algo com ela. Ela precisa de acompanhamento médico. Fizemos um exame particular que um advogado que procuramos pagou, no valor de R$ 300. A médica disse que minha filha precisa tirar o baço com urgência, fui no posto, mas não aceitam porque o encaminhamento é de uma médica particular”, finaliza a mãe.

AGENDAMENTO

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a adolescente "possuía um agendamento feito através da agenda interna como paciente egresso da Santa Casa para consulta no setor de oncologia no dia 10 de fevereiro, mas não compareceu. Após isso, em 24 do mesmo mês, foi inserido no sistema pela USF Vila Carlota o pedido de consulta de hematologia geral. Em contato com a central de regulação da Sesau, foi feito o agendamento da consulta da paciente para o dia 25 de maio, sendo esta a data mais próxima, no Hospital Universitário às 13h".

"Reforçamos que, devido ao tempo necessário de espera para a consulta, que a paciente busque uma unidade de saúde caso tenha qualquer alteração do quadro clínico, mantendo assim a seu histórico atualizado se houver necessidade de urgência ainda maior no caso", destacou.