A morte do técnico de enfermagem Vanderson Freitas Souza, 33 anos, em Campo Grande, deixou alguns conhecidos e companheiros de trabalhos reflexivos em relação à saúde mental dos profissionais em tempo de pandemia, onde a pressão sobre o trabalho aumentou, junto ao isolamento social deles.
Vanderson cometeu suicídio na sexta-feira (17). Ele trabalhava na oncologia do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
Sônia de Oliveira também trabalha no HR e disse que, além de trabalharem sob pressão o tempo todo, pelo risco de contaminação, o isolamento social afeta ainda mais quem já possui algum problema psiquiátrico.
“Essa questão do isolamento social é muito difícil porque a gente já passa o tempo todo trabalhando, não pode ver a família ou fazer visitas. A gente fica com mais medo de contaminar quem a gente gosta, do que se contaminar. Então o peso maior é realmente essa pressão, a letalidade da doença e o enfrentamento disso”, explica Sônia, que afirma ter entrado em quadro de depressão leve.
“Eu já tive depressão e estava curada. Mas, com a pandemia, ela voltou. Sabe, estava com férias vencidas e agora não podemos mais sair para descansar. É uma rotina que acaba com a saúde mental, porque não tem descanso de verdade”, comenta Sônia.
A técnica Claudia Souza desabafou sobre a “panela de pressão” na cabeça dos trabalhadores. “Em meio a um sorriso nunca sabemos a verdade, se estamos passando por um momento difícil, mas no nosso mundinho da enfermagem temos que ser sempre fortes. Só nós sabemos o que enfrentamos muitas vezes ainda somos julgados por fica no nosso canto”, disse em publicação no perfil do Facebook.
Serviço Online
Procurado, o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem) disse que está orientando aos profissionais que sentirem a necessidade a procurar o serviço de Apoio em Saúde Mental do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem).
O serviço é gratuito e dá suporte emocional à distância com especialistas em saúde mental. Conforme o Coren-MS, o serviço é disponibilizado por 24 horas os sete dias da semana. (Clique aqui para entrar no site).
Sônia disse que não conhecia o serviço do Cofen e tampouco os colegas do setor. Ela afirma que irá acessar o atendimento online e lamentou que não seja tão divulgado entre os profissionais.
O enfermeiro do HR, Anderson Neiva disse que neste período o hospital passou a dar apoio psicológico e médico aos trabalhadores que precisam.