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30 dias de silêncio total

14/01/2019 07:00

'Ninguém procurou nossa família nem mesmo para um abraço', diz pai de Gabrielly

Carlos afirma que a esposa deixou a alegria de lado e passou a ser uma pessoa triste que chora todos os dias

Extremamente abalado após um mês da morte da filha Gabrielly Ximenes, de 10 anos, Carlos Roberto Costa de Souza, de 40 anos, afirma que a família viveu 30 dias de puro silêncio e tristeza. Ele afirma que está preocupado com o estado emocional da esposa Gregória Beatriz Ximenes, que agora só caminha de cabeça baixa.

“Ela era uma pessoa alegre, uma pessoa feliz. Com a partida da nossa filha, ela chora todos os dias, só anda de cabeça baixa. Ninguém procurou a nossa família, ninguém da escola, ninguém da família da menina que agrediu a Gabrielly dias antes da morte, está tudo na mesma. Minha esposa chora muito, sei que ela precisa desabafar, mas estamos muito preocupados”, diz o pai de Gabrielly.

Carlos afirma que as outras duas filhas continuam dividindo a cama com a mãe e o quarto onde a pequena Gabrielly dormia continua intacto. “As meninas dormem com minha esposa, eu continuo dormindo na sala. O quartinho está do jeitinho que ela deixou, não mexemos em nada e nem vamos mexer. Ninguém procurou a nossa família nem mesmo para dar um abraço por conta da dor que estamos sentindo com a falta da Gabrielly. Quem sente mesmo é quem perdeu e fomos nós que perdemos”. 

O caminhoneiro destaca ainda, que solicitou alteração no trabalho e parou de viajar. “Agora eu não viajo mais, não tenho como ficar viajando, tenho que ficar aqui. Minha esposa e minha filhas precisam de mim perto. Eles atenderam o meu pedido e agora eu fico aqui na cidade fazendo entrega”.

Sobre o laudo da morte da filha, Carlos afirma que pretende procurar a polícia. “Eles não falaram nada, eu acho que esse laudo tinha que ter saído já. Passou um mês que minha filha foi embora, precisamos de uma resposta sobre o que aconteceu. Eu estou trabalhando muito, mas vou até a delegacia ver se eles já têm uma resposta sobre o laudo”.

O caso

Gabrielly Xinemes teria sido espancada perto da escola onde estudava por uma criança de 10 anos e outras duas meninas de 14 anos no início do mês de dezembro de 2018 na Capital. A família teria acionado o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a criança foi atendida na Santa Casa de Campo Grande. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, Gabrielly passou por exames e nenhuma lesão foi constatada.

Em casa, a menina começou a reclamar de dores na virilha. Ela foi levada para uma Unidade de Saúde, em seguida par ao CEM. “Colocaram uma tala na perna dela, mas ela sentiu mais dores ainda. A dor era na virilha e não na perna. Chegou um momento, que minha filha começou a ficar muito febril e não andava mais, daí levamos ela novamente na Santa Casa”, conta o pai.

A menina deu entrada na Santa Casa, passou por exames, que constataram que a menina estava com artrite séptica (infecção no líquido e tecidos de uma articulação, geralmente causada por bactérias, mas ocasionalmente por vírus ou fungos). Ela passou por cirurgia, teve quatro paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.   

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