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Campo Grande

No dia de Natal no HU, nascimento surpresa e notícia de alta são presentes que emocionam

Em uma das datas mais tradicionais do ano, hospital não para, mas nem por isso o clima natalino de esperança fica de lado

25 dezembro 2018 - 18h10Por Amanda Amaral

Não é bem como todo mundo espera, passar o dia 25 de dezembro em um hospital, já que a tradição sempre envolve família reunida, meia farta, decoração e troca de presentes e abraços. Na vida real e fora do clichê há muitas histórias diferentes, em cenários como o do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, um dos maiores de Campo Grande.

Cada um tem um motivo bem diferente para estar ali. Há quem chegou na véspera de Natal e está saindo, há quem esteja há meses, há quem trabalhe no local, há quem acabou de chegar ao mundo, há quem esteja se despedindo dele. 

Luisa chegou quase duas semanas antes do previsto, no dia de Natal. (Foto: Wesley Ortiz)

Entre os pacientes, está a bebê Luisa, que foi o grande presente de Natal de sua mãe Rebeka Batista Pereira, chegando 18 dias antes do previsto. Ela conta que participou da ceia com a família normalmente e acordou assustada, às 4h30 da madrugada, com as inesperadas contrações. Ali, soube que era o momento. 

Às 10h43 desta terça-feira, Luisa chegava para ser acolhida em seus braços. “Todo mundo ficou emocionado, pai, avós, agora ela faz aniversário junto com Jesus Cristo. A gente disse que é uma benção, uma alegria só, veio calminha e nesse calor de dezembro! Agora deixo de ser filha para ser mãe dessa preciosa”, diz.

A ala pediátrica também esteve cheia durante essa madrugada, mas as paredes com figuras coloridas, árvore de Natal e presépio parecem tornar esse período fora de casa um pouco mais fácil. Kaleb, de um ano e sete meses, é uma das crianças que há semanas vive por ali para recuperar sua saúde, vindo de Coxim, a 266 km da Capital.

Kaleb e sua mãe vão voltar pra casa após 24 dias. (Foto: Wesley Ortiz)

Diagnosticado com leishmaniose, o pequeno está há 24 dias no hospital ao lado da mãe, Rosana Barbosa Ferreira. O Natal desde ano teve a família reduzida, mas presentes e comidinhas especiais não faltaram.

“Tivemos uma pequena ceia com as enfermeiras, o pessoal trouxe tortinhas, foi bem legal. Ele ganhou bola, violãozinho, carrinho. Mas, pra mim, o melhor foi saber que ele vai ter alta já amanhã”, conta a mãe, com muita saudade de casa e a expectativa de uma grande ceia de ano novo. 

Davi reviu irmãos e pai neste Natal. (Foto: Wesley Ortiz)

Também há algumas semanas no hospital, Davi não perde o sorriso. O garoto de três anos trata uma infecção renal e estava há um tempo sem ver o pai, André Afonso. A família mora em Dourados, a 221 km de Campo Grande, e só a mãe podia ficar todos os dias em sua companhia. 

“Hoje eu vim e os irmãos dele também. Desde que ele foi internado, no dia 13 de dezembro, eles não viam a mãe. Aí como é Natal e ela estava sentindo muita falta, eles vieram, mas não podem subir para ver o irmão”, lamenta o pai. Davi ainda não sabe quando deve sair do hospital, mas leva os dias com alegria que contagia a ala inteira. 

'Vale a pena', diz Edmilson

Há 19 anos, o enfermeiro Edmilson Barboza sabe bem como é passar as datas em um ambiente com tantas situações por vezes tristes, e sem usufruir do descanso do feriado como a maioria das profissões. “As equipes se revezam pra comemorar cada um um pouquinho pelo menos, dessa vez adiantei a ceia e dormi cedo para estar no plantão cedo. Várias datas já passei trabalhando, formaturas dos filhos, aniversários, mas valeu a pena, sempre vale a pena”, diz.

Mais um Natal se passa e os corredores e salas do hospital continuam cheios, em fluxo de idas e vindas que continua hoje, amanhã, e pelo próximo ano. O desejo comum de quem ali se repetia em cada fala: saúde, paz e esperança.