Durante a manifestação por justiça no caso da jornalista Vanessa Ricarte, realizada na manhã deste sábado (14) no Centro de Campo Grande, a senadora Soraya Thronicke abordou a falta de efetividade nas medidas protetivas e a carência de investimentos na segurança pública para combater a violência contra a mulher.
A parlamentar destacou a dificuldade em direcionar recursos federais para custeio de pessoal na segurança, mas enfatizou a necessidade de ampliar o efetivo policial. "O delegado-geral da Polícia Civil me ligou e disse: 'Soraya, eu preciso de efetivo'. Precisamos de concurso e capacitação, e acredito que agora deve sair o concurso", afirmou.
Soraya também criticou a burocracia na aplicação da Lei Maria da Penha, apontando falhas no processo de intimação dos agressores. "Hoje, a intimação tem que ser feita pessoalmente, e nós não temos efetivo para isso. O agressor fica solto enquanto a intimação não ocorre, deixando a vítima vulnerável. Apresentei um projeto de lei para permitir que a intimação possa ser feita por qualquer agente policial ou defensor da vítima", explicou.
A senadora ainda defendeu a possibilidade de delegados concederem medidas protetivas imediatamente, sem necessidade de aguardar a decisão judicial, devido à morosidade dos processos. "Muitas vezes, essas situações ocorrem à noite, em finais de semana e feriados, quando a Justiça opera em regime de plantão. Isso é inconcebível", ressaltou.
Entre as iniciativas que já implementou, Soraya destacou investimentos em salas lilás e na aquisição de armas modernas para agentes femininas da segurança. "As mulheres policiais tinham armas ultrapassadas, de difícil manuseio. Agora, elas têm equipamentos de melhor tecnologia para agir com mais agilidade", disse.
A senadora também mencionou um projeto inspirado em Israel, o "Cão Protetor", que prevê o uso de cães treinados para proteger mulheres em situação de risco. "Esses cães ficam 24 horas ao lado da mulher e são treinados para reagir a comandos específicos. Já iniciamos o treinamento de um cão no Senado", revelou.
Outra proposta apresentada pela parlamentar é a liberação do uso de sprays de pimenta e tasers para defesa pessoal. "Hoje, qualquer um pode ter uma arma de fogo, mas não pode ter um instrumento não letal. Isso precisa mudar", criticou.
Soraya ainda sugeriu que cidades com mais de 50 mil habitantes ofereçam treinamentos gratuitos de defesa pessoal para mulheres. "Isso pode ser feito com apoio da segurança pública e de profissionais voluntários", disse.
A manifestação reuniu amigos, familiares e colegas de Vanessa Ricarte, além de autoridades como a deputada federal Camila Jara e a vereadora Luiza Ribeiro. O ato cobra abertura de investigação do atendimento realizado a Vanessa ao procurar autoridades para denunciar o caso de violência e ameaça.
A jornalista foi assassinada pelo ex-noivo, Caio César Nascimento. Vanessa chegou a ser socorrida e encaminhada já em estado grave para o hospital. Porém, o quadro não melhorou e ela veio a óbito poucas horas depois.
Caio foi preso em flagrante pela Polícia minutos após o crime, mais um feminicídio em Mato Grosso do Sul.
Ato pede justiça por Vanessa Ricarte em Campo Grande 2
Posted by TopMídia News on Saturday, February 15, 2025