O infectologista e pesquisador da Fiocruz Júlio Croda disse que o preço do Regen-COV, novo medicamento contra a covid-19, aprovado hoje pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pode "limitar" o uso no SUS (Sistema Único de Saúde).
"Ele reduziu a carga viral em pacientes que não tinham tido a doença, reduziu a hospitalização em torno de 70%, entretanto, tem um custo elevado. A dose desse tratamento sai entre US$ 1200 e US$ 1500. Como um tratamento para evitar casos graves, continua sendo caro, e dificilmente isso vai chegar aos pacientes do SUS e nem a fabricante tem condições de produzir ampolas suficientes", afirmou o infectologista em entrevista à CNN Brasil.
O especialista destacou que o Ministério da Saúde deve avaliar a nova tecnologia para estudar adicioná-la ao SUS de modo mais acessível, mas que, ainda assim, "o uso na rede pública deve ser bastante limitado".
O uso emergencial foi aprovado hoje pela Anvisa.
O medicamento é resultado da combinação dos anticorpos monoclonais casirivimabe e imdevimabe. O coquetel, chamado de Regen-Cov, não previne a doença, mas apresentou resultados positivos para evitar o agravamento do quadro em pacientes com fatores de risco.
"Esse tratamento só deve ser oferecido no início da doença e para o grupo de pacientes com comorbidades, ambulatoriais, é o que o estudo demonstrou. Não deve ser usado para pacientes que estão no hospital e na UTI. É para prevenir essa evolução e a necessidade de uso de oxigênio. Por isso tem que se identificar o grupo de risco, como obesidade, idade avançada, doença cardiovascular, asma, diabetes, doença renal, doença hepática crônica e pacientes”.
"Ele tem efeito melhor porque o paciente nunca teve contato com o vírus", afirmou.
Além disso, o pesquisador disse que ainda não dá dados sobre a eficácia do medicamento contra as variantes do novo coronavírus.