Novas denúncias de militares, contra um capitão da Polícia Militar, em Bonito e Bodoquena, mostram que o oficial ainda usa a estrutura da corporação para serviços pessoais. Ele já é investigado em sindicância interna e há relatos de retaliação contra quem denuncia os supostos maus feitos na cidade.
O alvo das denúncias é responsável pelo policiamento de Bodoquena. Ele entrou justamente no lugar do tenente Leonel, que foi transferido para Campo Grande, depois de ser flagrado agredindo uma mulher algemada e sentada, dentro de uma das unidades da PM em Bonito. O caso ganhou repercussão nacional em razão de tamanha covardia.
A denúncia dá conta que policiais militares, assim como viaturas da corporação, são retirados de serviço para prestar serviços particulares para o capitão. Em um dos flagrantes, dizem as denúncias, o oficial manda pagar uma loja de materiais de construção com um cheque de mil reais, emitido em nome do Instituto Mirim Ambiental, entidade que ele preside em Bonito.
Ainda segundo o relato, foram duas portas de ferro, mas o endereço de entrega, segundo a nota fiscal, era da casa do capitão, em Bonito.
‘’O instituto tem endereço físico, por que não foi para lá?", questiona o denunciante. Em outra situação, os policiais foram até o depósito entregar mais um cheque, dessa vez de R$ 300.
Um dos denunciantes destaca que buscar marmitas, documentos de carros e outro serviços, que poderiam ser feitos pelo próprio oficial e com carro particular, também são impostos aos militares de patentes menores.
‘’Esse tipo de situação acontece há muito tempo. Já fizemos uma denúncia interna, em 2020, e depois acionamos o Ministério Público, mas prevalece o coronelismo no interior do Estado’’, aponta um denunciante. Quem se insurge contra as ordens, diz ele, acaba retaliado.
‘’É ele quem faz as escalas. Se precisar de dispensa, é com ele tem que falar... Se fizer alguma coisa que o incomode, ele retalia... Ele usa isso como uma moeda de troca’’, garante o reclamante.
Criança em instrução militar
O denunciante lembrou de outras situações que também foram repassadas para o comando local, como a ida do filho do capitão para uma instrução com tiro de fuzil e também em patrulhas na área do Pantanal, onde acontecem ocorrências de troca de tiros.
‘’... e se o garoto morre? Mas como é o subcomandante ninguém fala nada’’, refletiu.
Ainda segundo o relato, a sindicância interna foi para a Corregedoria da PM em Campo Grande e retornou para Bonito, onde ficou sob a incumbência do comandante local, o tenente-coronel Anderson Luiz Alves Avelar.
‘’Mas percebemos que estavam tentando amarrar a denúncia’’, lamentou o praça da PM.
Ao Site MS Notícias, o tenente-coronel Avelar disse que foi à casa do capitão e teria constatado que as portas mencionadas na denúncia não estavam lá, porque foram levadas para o Instituto Mirim posteriormente.
Avelar disse que está investigando todas as denúncias, mas destacou que ‘’o capitão é um cara muito correto’’.
O Comando-Geral da PM em Campo Grande já havia respondido que tem conhecimento de todas as denúncias e que elas estão em apuração em um processo interno.







