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Interior

15/02/2021 12:38

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Curso sobre 'Gênero e Diversidade Sexual' em escola é alvo de polêmica em Ribas do Rio Pardo

Alguns pais de alunos ameaçaram até transferir seus filhos para outra rede de ensino

Uma das oficinas oferecidas aos professores, durante Jornada Pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Ribas do Rio Pardo (MS), foi alvo de polêmica nas redes sociais e fez a Secretaria Municipal de Educação ser criticada. 

O curso que gerou repercussão foi ministrado na manhã da última quinta-feira (11), na Escola Municipal Mareide Monteiro de Lima, no Parque Estoril. 

Alguns pais de alunos ameaçaram até transferir seus filhos para a Rede Estadual de Ensino.

Segundo o Rio Pardo News, o secretário de Educação do Município, Nizael Almeida, não comentou o motivo do tema estar incluído na programação da semana dedicada ao aperfeiçoamento didático das escolas.

“Creio que você pode falar diretamente com o sr. Leonardo Bastos, ou com os cursistas (professores) que participaram da oficina no período matutino. Tenho certeza que ele vai adorar”, respondeu Nizael.

O Rio Pardo News seguiu as orientações do secretário de Educação da Gestão João Alfredo e conversou com os envolvidos na oficina. 

O Palestrante

Procurado pela reportagem, o palestrante explicou que o objetivo é preparar os professores para lidar com situações de conflito que possam surgir no ambiente escolar.

“Nós trabalhamos na Subsecretaria LGBT em parceria com os municípios e com as entidades LGBT’s, pra levar o tema de Gênero e a Diversidade Sexual, na formação e nos processos formativos, formação continuada, enfim, jornadas pedagógicas, como é o caso aqui do município de Rio Pardo, de informações. Focando que os nossos professores, eles estejam mais preparados para trabalhar, para atuar, e principalmente para acolher estudantes LGBT’s que se apresentem na escola sempre com foco de combater qualquer forma de violência e discriminação”, pontuou Leonardo Bastos, Subsecretário de Políticas Públicas LGBT do Governo Estadual.

Bastos encara as críticas contra esse tipo de trabalho, como processos de desconstrução. “O nosso papel é dialogar, informar e ouvir a todos”, finaliza.

Os Cursistas

A reportagem também ouviu duas professoras que participaram da oficina. Elas elogiaram categoricamente a iniciativa de inserir o tema na jornada.

“Foi ótimo. A gente até comentou que o Nizael foi muito corajoso por ser um tema polêmico. Mas o palestrante foi com jeitinho e a gente viu no final que é o que acontece com a gente em sala de aula. Ele não falou nada de mais, nada assim que envergonhasse, ele falou tudo técnico, tudo técnico mesmo, com bastante entendimento do assunto. Ele foi bem profissional na oficina”, avaliou uma professora que participou do curso.

“A palestra foi maravilhosa. O errado foi usarem fotos que postei no meu status para repostarem em grupos, e com isso várias pessoas que já estão armadas, argumentaram e deram opiniões sem nem saberem do que estavam falando”, pontuou outra professora que também fez o curso.

Início das Polêmicas

Os primeiros compartilhamentos apócrifos, com print e comentários maldosos surgiram ainda na manhã do dia 11 e, politizavam a ação como sendo uma política pública do partido do prefeito, o PSOL. “Infelizmente a ideologia do PSOL tomou conta de Ribas”, dizia uma das mensagens repassadas em vários grupos de WhatsApp da cidade.

Em outra mensagem, também apócrifa e inverídica, afirmava que a ideologia de gênero estava sendo promovida em um dos Ceinf’s do município. “Estão falando que o Ceinf está promovendo esse tipo de atividade”, dizia.

“Próximo passo é o banheiro para todos os sexos juntos”, comentou um dos participantes do grupo Ribas Melhor Para Todos.

Outros membros criticaram a atenção dada ao tema. “Deveria implantar nas escolas e exigir cantar o hino, melhor do que implantar e fazer todos engolir essas coisas que tão colocando aí”, pontuou Diná.

“Se isso acontecer, se isso acontecer, meus filhos saem da escola”, disse outro membro do grupo, acreditando que há um trabalho no sentido de implantar ideologia de gêneros nas escolas do município.

Elenice entendeu o propósito da oficina e defendeu que os professores devem sim, receber capacitação sobre o tema. “Gente sinceramente não consigo ver nada demais em acontecer essas discussões e orientações em nosso município, ninguém tá lá para influenciar ninguém, e o professor deve sim estar orientado pra que se caso se depare com tal situação, sem discriminação e qualquer tipo de preconceito”, comentou.

“Não estão orientando as crianças e sim os professores”, ressaltou Elenice. Paula levantou outra questão. “O ensino religioso eles cortaram neh!?”.

 Facebook

No Facebook também surgiram inúmeros comentários. Opositores da Gestão João Alfredo aproveitaram para ligar a Oficina ‘Gênero e Diversidade Sexual’ com a possível linha de trabalho do novo secretário de Educação do município. Felizmente, os comentários neste sentido eram a minoria.

A maioria dos comentários propôs um debate ‘alto nível’ e questionava a iniciativa da Secretaria Municipal de Educação.  

“Totalmente inoportuna e imprópria. Não precisamos disso agora. Com base em que realizaram esse tipo de trabalho que não é ligado à Secretaria de Educação do Estado, e sim à Assistência Social?”, questionou um internauta. “Por que não colocaram um curso de libras, dança, algo voltado pra nossa cultura que está tão abandonada? Seria muito melhor!”, escreveu outro internauta. 

“Isso daí todo mundo, basicamente já sabe, ainda mais professor né? Professor, diretor, educador em geral já trazem essa bagagem da faculdade, do dia a dia”, protestou uma apoiadora ferrenha da Gestão João Alfredo.

A professora Juliana apoiou a iniciativa. “Com certeza deve ser feito palestra contra preconceitos sim. Isso é de extrema importância. Somente cabe a educação formal. Lidar com as situações e respeitar os mesmos é o que precisa ser tratado, mas limitando o conteúdo neste sentido”, comentou.

A influenciadora digital Claudinha Pimenta, diretora do site Portal Conexão MS, comentou o caso e mostrou preocupação com a possibilidade do tema causar confusão na cabeça das crianças

“Eu evito comentar sobre assuntos polêmicos, sou uma pessoa extremamente liberal e acredito que cada um deve fazer o que bem entender de sua vida, mas tmb acredito que quando falamos de CRIANÇAS, o "buraco é mais embaixo", acredito que quem educa e passa valores para as crianças, são os pais, por isso acho que assuntos sobre sexualidade, orientação, opção ou condição sexual, não deveriam ser pauta em escolas, acredito sim, na importância de se falar sobre respeito e amor ao próximo, independente de características isoladas de cada um.

Vejo com certa preocupação esse liberalismo pregado por alguns grupos, de se tratar com crianças, temas como por exemplo, mencionado NÃO em Ribas, mas em algumas leituras que fiz sobre o tema, que as crianças desde cedo devem saber que podem escolher: não são meninas nem meninos (gênero definido) são menines (sem gênero definido), sabemos que crianças são influenciáveis, esse tipo de abordagem, ao invés de ajudar, pode e muito confundir a cabecinha delas”, pontuou.

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