Emocionada ao relembrar a vida que os pais levavam, Fernanda de Souza Cruz, 39 anos, chorou e disse, em depoimento no Fórum de Campo Grande, que a família luta há um ano para se restabelecer após a morte dos pais. Ela é filha de Luiz Vicente da Cruz, 68 anos, e de Aparecida de Souza Cruz, 59 anos, casal que teve o carro esmagado por um veículo conduzido por Saulo Lucas Barbosa Vieira, no dia 16 de junho do ano passado.
A funcionária pública disse que tem uma prima de 4 anos, que demorou para acostumar com ausência de seu Luiz. “Ele tinha uma sobrinha que ia lá no portão e ficava chamando, ele abria o portão da casa para ela entrar todos os dias. Depois que aconteceu isso, ela continuou indo no portão chamar pelo meu pai. Tivemos um ano muito difícil”.
Fernanda destacou ainda que tanto o pai quanto a mãe eram verdadeiros guerreiros. “Meu pai trabalhava de pedreiro, minha mãe passava roupa em nove casas, ela não parava. Tanto que, no dia do crime, ela estava indo para uma casa passar roupa, como ela acordava às 4h, meu pai levava ela porque era muito cedo. Ela ia com meu pai, depois ela ia de ônibus para outros locais, normalmente ela atendia dois clientes por dia, ela deixou um caderno com todas as anotações e tinha trabalho até o dia 29”.
Segundo a filha, Aparecida trabalhava passando roupas porque tinha um problema na coluna. “Ela antes vendia pano de prato, fazia bolos, ela era uma verdadeira guerreira, mulher de bem, assim como meu pai. Ela teve um problema de coluna e passar roupas era a única coisa que ela conseguia. No dia da morte, ela estava com os remédios dentro da bolsa”.
Sobre o julgamento, Fernanda pede que Saulo seja condenado pelo crime que cometeu. “Não quero saber dos pedidos de perdão dele, esse pedido não traz meus pais de volta. Ele tem que pagar pelo que fez”.
