O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, magistrado que mandou prender na manhã desta sexta-feira (20) o ex-governador André Puccinelli e o filho dele André Júnior, indeferiu a prisão de outras sete pessoas, entre as quais ex-servidores do alto escalão da Agesul, órgão estadual que cuida de obras.
Seriam dez o número de presos não fosse a recusa do juiz federal. Todos por implicação em esquema de corrupção efetivada, segundo a Polícia Federal, nas duas gestões do ex-governador (2007-2014).
O MPF (Ministério Público Federal) havia pedido a prisão de Maria Wilma Casanova Rosa, ex-diretora-presidente da Agesul, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos, Hélio Yudi Komiyama, ex-engenheiro da Agesul, Edmir Fonseca Rodrigues, ex-procurador- jurídico da Agesul, Luiz Cândido Escobar, ex-coordenador de licitações da Agesul, Marcos Tadeu Enciso Puga, sócio da MP Engenharia, empresa contratada pela Agesul para fiscalizar obras estaduais, Rômulo Tadeu Menossi, ex-funcionário da Proteco, empresa de engenharia e Fausto Carneiro da Costa Filho.
O magistrado determinou além da prisão de Puccinelli pai e filho, também a do advogado e professor universitário João Paulo Calves.
O envolvimento de Calves tem a ver com a ligação dele com a empresa de Puccinelli Júnior, o Instituto Ícone de Direito. Os dois eram sócios deste empreendimento que, para a PF, foi usada como passagem de dinheiro de propina pago pelo frigorífico JBS.
Na decisão, o juiz federal estabelece que o histórico dos mandados de prisão seja “imediatamente entregue à assessoria de imprensa do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) à sociedade e a quem queira consultá-la”.
O magistrado diz ainda: “adota-se aqui, diante da proeminência das figuras envolvidas, o mesmo padrão adotado na ‘operação Lava Jato’, evitando-se a politização das decisões judiciais da Justiça Federal, se bem resguardado o nível de sigilo documental imposto”.
Testa de ferro
De acordo com o pedido de prisão produzido pelo MPF (Ministério Público Federal), o advogado João Paulo Calves, preso junto Puccinelli pai e filho, seria uma espécie de testa de ferro de André Júnior.
Note esse trecho da denúncia do MPF: “segundo aponta o MPF, as propinas pagas pela empresa JBS S/A a André Puccinelli por intermédio do Instituto Ícone de Ensino Jurídico... ... sendo o instituto propriedade de fato de André Puccinelli Júnior, estão sendo usadas em benefício e nos interesses do grupo criminoso organizado, através de João Paulo Calves, que seria seu “testa de ferro”.
O instituto de André Júnior, diz o MPF, efetuou pagamento de R$ 180 mil, dinheiro que, “ao que tudo indica, em benefício de Edson Giroto, que está preso por decisão do STF e que é conhecido como um dos grandes comandantes do esquema, já denunciado em cinco ações penais decorrentes da ‘operação Lama Asfáltica’”.