O controle do União Brasil em Mato Grosso do Sul poderá ser determinado por intervenção do diretório nacional do partido, após disputa que chegou até a Justiça. Dirigentes nacionais cogitam convocar eleição para o diretório estadual para encerrar disputa entre a senadora Soraya Thronicke, atual presidente, e o grupo da ex-deputada federal Rose Modesto, que controla a maioria dos diretórios municipais. Rose diz que Soraya não tem controle dos diretórios municipais e perderia nas eleicoes. Já Soraya rebate dizendo que a ex-deputada derrotada nas eleicoes de 2022 "saiu atirando para todo lado, ficou sem lugar e agora apela para o animus esperniandi (gíria jurídica que alude a uma crianca esperneando ou fazendo birra)".
Após Soraya destituir integrantes da executiva do partido, como Rose; o ex-secretário estadual de Obras, Marcelo Miglioli; o tesoureiro-adjunto Anderson Pereira do Carmo e outros membros do diretório estadual (que é provisório), os excluídos foram buscar na Justiça a solução para os atos da senadora. Os diretórios municipais também são provisórios, medida que impede que haja convocação de eleição para o diretório estadual.
“Eu nao entendi o que houve, não houve um racha ou briga. Fui surpreendida com essa medida dela (Soraya)”, afirmou Rose Modesto. Segundo Rose, o estatuto do partido determina que a eleição do diretório estadual ocorra apenas quando houver diretórios municipais homologados.
A ex-deputada comentou que os diretórios municipais, hoje, são compostos de aliados dela. “Tenho (a maioria) nos diretórios. São nossos aliados”.
A senadora Soraya Thronicke garante que ela ganhou no voto o controle do diretório e que o grupo de Rose buscou a vitória no tapetão. "Eles (grupo de Rose Modesto) judicializaram, nós cumprimos a liminar, ganhamos no voto, mas eles continuam insatisfeitos e estão utilizando todos os subterfúgios subrepticios possíveis e impossíveis para levarem no tapetão.
Soraya também lembra que após o segundo turno das eleicoes do ano passado Rose anunciou saída do partido e apoiou o candidato ao governo Capitão Contar: "Isso aqui (anúncio de Rose de apoio a Contar e saída do partido) foi um dos motivos. Impossível continuar", destaca a senadora. Sobre os membros do diretório que foram inativados, Soraya explica que não houve interesse dos mesmos em continuar: "Outros disseram que não queriam mais, e sequer se insurgiram".

A liminar do juiz da 15ª Vara Cível de Campo Grande, Flávio Peron, determina que as eleições convocadas por Soraya sejam canceladas e que os excluídos do diretório estadual sejam reintegrados.
O próximo passo, de acordo com Rose, seria homologar os diretórios municipais e estes participarem da eleição para o diretório estadual.
INTERVENÇÃO
Outros integrantes do partido acreditam que Soraya não irá convocar edital de eleições neste momento, já que não teria maioria para controlar o partido, que ficaria com Rose Modesto. Por isso, a executiva nacional do União Brasil foi sondada para intervir e convocar a eleição.
Rose não confirma se tratou disto com o presidente nacional, Luciano Bivar, mas cita que o diretório nacional pode fazer o ato. “A eleição (do diretório) pode e deve ser convocada pela (direção) nacional ou pela estadual”, destacou.
Em Brasília, um deputado federal do União Brasil de outro estado citou que Soraya dificilmente participa das decisões partidárias, mesmo sendo senadora, ao contrário de Rose Modesto, que tem mais trânsito e influência com a direção nacional do partido. Inclusive, ela pode ser titular da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste) por indicação de Bivar e Artur Lira (PP - AL), presidente da Câmara dos Deputados.

Antigo União Brasil unido, em 2022 (Foto: Arquivo)
O ex-deputado federal Luis Henrique Mandetta, que foi candidato ao Senado pelo União Brasil, diz que acompanha a briga “de longe” e lamenta o ocorrido no partido. “É lamentável, pelo tamanho do União Brasil, a situação em que se encontra no Estado, com decisões arbitrárias”, comentou.
O partido teve o maior fundo partidário em 2022, com R$ 782 milhões. O dinheiro, aparentemente, não chegou com intensidade na campanha em MS. Vários candidatos reclamaram da falta de verba e o União não elegeu federais, apenas o deputado estadual Roberto Hashioka. Rose terminou em terceiro lugar para o governo estadual, Mandetta em segundo para o Senado e Soraya, candidata à presidência da República, teve 0,51% dos votos nacionalmente (600.955 votos) e 0,54% dos votos em MS (8.082 votos).
Atualizado às 21h para acréscimo do posicionamento da senadora Soraya Thronicke







