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05/02/2014 06:00

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Após ser atingido por bala perdida, pintor vira cadeirante e encontra no trabalho uma segunda chance

Exemplo de superação

Foi no ano de 2009. O jovem Magno Ribeiro estava em frente a uma conveniência da Capital, quando foi atingido por uma bala perdida disparada durante uma briga. O projétil atingiu suas costas, e se não fosse a ação rápida dos familiares que o socorreram, ele não estaria vivo hoje. Como sequela, ficou paraplégico e teve sua vida transformada do dia para a noite.


“No começo é difícil, você pensa que vai morrer porque é tudo totalmente diferente”, relata o pintor, que durante os dois primeiros anos de tratamento precisou ser internado sete vezes por conta de infeções causadas pelo problema. “A recuperação é lenta, no meu caso a bala tinha pegado rim e fígado ainda”, diz.


O suporte, principalmente emocional, que ajudou Magno na recuperação, veio de sua mãe que o cuidava, fazia os curativos e dava banho, e de seu pai que o carregava para todos os lugares. “Você não consegue ficar sentado na cadeira, tem que ficar mais deitado. Achava que qualquer hora podia ir embora”, releva.


Trabalhando desde os 11 anos, Magno é responsável pela pintura de dezenas de casas pela Capital. (Foto: Renan Gonzaga)


Depois de dois anos, quando a fase turbulenta havia passado, ele decidiu voltar a trabalhar. Aconselhado pelo pai, entrou em contato com seu antigo patrão, Ronnie Marinho, empresário e dono de uma construtora de casas de alto padrão, para tentar se adaptar a alguma função.


Para Magno, que começou a trabalhar aos oito anos como engraxate e vendendo suco, e com pintura desde os 11 anos, ficar longe do serviço era algo inviável. “Encontrei com o Ronnie ali na Casa do Papai Noel e ele me fez um convite para trabalhar supervisionando as obras”, conta.


Contratado como responsável pela pintura dos imóveis, viu sua vida voltar a ser como era antes através do trabalho, com apenas algumas limitações. Nas partes altas, por exemplo, quem pinta é a sua equipe, mas ele não deixa de observar se está tudo no padrão de qualidade esperado.


Orgulhoso, patrão posa ao lado de seu melhor funcionário (Foto: Renan Gonzaga)


Segundo o patrão, o jovem se mostrou muito capaz e melhor do que seus outros funcionários. “Ele superou a minha expectativa, hoje eu solto ele em uma obra e não preciso voltar para ver se está bem pintada porque eu sei que ele é bastante é exigente e não deixa passar nada”, afirma Ronnie.


Um dos integrantes da equipe de Magno, o auxiliar de pintura Rodrigo Rocha, vê no superior um exemplo a ser seguido. "Quando vi ele trabalhando pela primeira vez eu levei um susto, fiquei meio surpreso. Mas depois eu percebi que ele consegue fazer coisas que eu, que não tenho limitações, não consigo fazer", reconhece o jovem de 24 anos.


Assim como no trabalho, a vida de Magno precisou de algumas pequenas mudanças para continuar como era antes. Seu carro, por exemplo, é adaptado, mas consegue dirigir sozinho, e ir e voltar do trabalho sem ajuda de ninguém. Até para descer ele monta a cadeira de rodas e sai do automóvel sem dificuldades.


“Todo mundo se assusta quando me vê saindo do carro, tirando a cadeira. Em qualquer lugar que eu vou as pessoas param e ficam olhando”, admite o pintor que, aos 31 anos, mora sozinho, apesar de dizer que está “quase casando”, e faz todos os serviços de casa, como lavar e passar roupas e cozinhar.


Independente, Magno usa seu carro adaptado para trabalhar e andar pela cidade. (Foto: Renan Gonzaga)


Hoje ele reconhece que se não fosse a oportunidade oferecida pelo patrão, talvez seria mais difícil enfrentar os problemas e o preconceito por conta da sua condição. E mesmo assim, se tornar paraplégico não foi suficiente para derruba-lo, já que sua determinação e força de vontade falaram mais alto.


“Não adianta nada você aprender a trabalhar com computador só porque está em uma cadeira de rodas. Olha como eu estou, é totalmente o oposto. Eu gosto de mexer com pintura, é uma coisa que me dá prazer. E tudo o que você faz quando gosta, vai para frente”, finaliza.

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