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'Tese de legítima defesa é fraca', diz promotora em julgamento de PRF que matou empresário

MPE fez duras críticas a exibição de vídeos da defesa no plenário

30 maio 2019 - 16h27Por Thiago de Souza e Nathalia Pelzl

A promotora de Justiça, Lívia Carla Guadanhim Bariani, rechaçou argumentos de legítima defesa do policial rodoviário federal, Ricardo Moon. Ele é réu por matar o empresário Adriano Correa Nascimento, em 2015. O julgamento ocorre desde às 8h desta quinta-feira (30), no Fórum de Campo Grande.

De acordo com Lívia Carla, ao contrário do que afirmaram os advogados de Moon, o julgamento não é uma disputa entre cidadão e polícia e que a condenação do PRF seria abrir a porta para transgressores da lei.

''Foi o cidadão que se envolveu em um acidente de trânsito", observou a promotora.

A profissional do MPE critica ainda o fato da defesa do policial desqualificar as vítimas, inclusive dizendo que uma das testemunhas, que também foi baleado na ocorrência, está sendo ''santificado''.  Na sessão do Tribunal do Júri, também foi dito que as vítimas estariam embriagadas, na tentativa de legitimar o assassinado, reflete a promotora.

Em sua fala, Bariani fez outro apontamento que considera grave, que foi o fato da defesa ter exibido vídeos que foram impugnados pelo Ministério Público e não passaram por perícia.

''É preciso focar no processo e não nos vídeos'', disse a promotora.

Defesa de Moon apela para legítima defesa. (Foto: André de Abreu)

A tese mais sustentada pela defesa de Ricardo Moon, que é feita pelo advogado Renê Siufi, é a de legítima defesa, já que o policial teria atirado nos ocupantes da Hilux para não ser atropelado. No entanto, para o MPE, não cabe legítima defesa.

"...o tiro que matou o Adriano foi o quarto tiro, quando Moon estava na lateral do carro. Ele efetuou disparos que não acertaram o Agnaldo nem o Vinicius que estavam atrás. Aquela pessoa ( que efetuou os disparos) seria mesmo atropelada?, questiona Lívia Bariani.

Outros pontos apontados pela defesa do réu, de que teria havido discussão entre as partes e até xingamentos também foram criticados pela promotora de Justiça.

Moon é reu por homicídio qualificado e por duas tentativas de homicídio qualificados, já que o motivo da briga teria sido banal, por causa da briga de trânsito, e pelo policial não ter dado oportunidade de defesa da vítima.

''Ele surpreendeu a vítima para que não ela não demonstrasse nenhuma reação", explicou Lívia.

O assistente da acusação, Irajá Pereira Messias, elogiou o trabalho da Polícia Rodoviária Federal e sobre a suposta embriaguez da vítima, questionou os jurados.

''Matar um motorista embriagado é a solução? Esse é o papel da polícia? Essa é a solução?, questionou o assistente. Pereira criticou o fato do PRF não ter atirado nos pneus da caminhonete.

''Ele tem a síndrome da autoridade. Por isso não atirou nos pneus'', explicou Messias.